Contemplativo, 'Rio de Vozes' homenageia o São Francisco de maneira simples
Fernanda Talarico
De Splash, em São Paulo
17/02/2022 04h00
Exibido em diversos festivais brasileiros, como o 30º Cine Ceará e o Panorama de Cinema de Salvador Mater, 'Rio de Vozes' acompanha diferentes famílias de pescadores que vivem nas cidades marginais do Rio São Francisco, entre a Bahia e Pernambuco.
Dirigido por Andrea Santana e Jean-Pierre Duret, o documentário é um retrato da importância e presença do rio na vida dos habitantes, que aproveitam o registro para contar histórias de amor, superação e convivência com o Velho Chico.
Rio de Vozes
Lançamento: 2019 Duração: 93 min Pais: Brasil Status: Em Cartaz Direção: Andrea Santana, Jean-Pierre Duret Roteiro: Jordana Berg, Laure Gardette3,0
5,0
Fizemos uma análise geral de cenário, figurino, direção de arte e fotografia
4,0
3,0
A diversão é uma nota na qual propomos, que independente das notas técnicas, a produção vale ser vista
Pontos Positivos
- Lindas imagens do rio São Francisco
- Denuncia o desmatamento e suas complicações
- Mostra a importância do rio São Francisco
- Retrato sem filtro da população
Pontos Negativos
- Com 93 minutos, o filme se estende demais
- A captação de áudio às vezes é ruim, deixando difícil entender o que é dito pelas pesosas
- Sem um roteiro certo, algumas histórias ficam apenas jogadas
"Rio de Vozes" acompanha famílias de pescadores habitantes de diferentes cidades situadas às margens do rio São Francisco, entre Bahia e Pernambuco. Entre os personagens do documentário, há mulheres empreendedoras, homens pescadores, crianças e diversas outras pessoas que necessitam do Velho Chico para sobreviver.
Entrevistados parecem estar bastante confortáveis com a equipe da produção e, sem filtros, mostram o dia a dia de uma população que vive longe dos grandes polos urbanos e depende do rio para se manter. Para isso, a montagem mostra a relação das pessoas com o rio de diferentes maneiras. Há aqueles que demonstram sua preocupação: "Como vai ser quando meus netos cresceram?", reflete uma senhora sobre o futuro do rio, que parece estar secando. Já outros fazem questão de demonstrar sua paixão pelas águas do São Francisco: "Conheci o amor da minha vida tomando banho no rio. Eu não vivo sem ela e sem o rio", diz o homem apaixonado.
De maneira simplória, o documentário não interfere na vida dos personagens, apenas os acompanha. É nítido o orgulho, o amor e a preocupação de cada um dos habitantes que aparecem no filme, que demonstram a devoção ao rio em falas e gestos.
No entanto, "Rio de Vozes" peca no quesito denúncia. Ele tenta mostrar os descasos das regiões nordestinas, a fome e a pobreza em que este povo se encontra, mas acaba deixando questões políticas e ambientais quase que escondidas. Assim, o documentário se torna muito mais uma produção contemplativa, que convida o espectador a vislumbrar as belas paisagens do Rio São Francisco, do que expor de maneira assertiva os problemas, suas origens e suas possíveis soluções.
Por isso, os 93 minutos de duração parecem se estender mais do que o necessário, mesmo se tratando de uma linda homenagem ao Velho Chico.