Casão quer superar trauma tocando guitarra: 'Rock amadurece, não encareta'
Existe um "guitar hero" em Walter Casagrande Júnior, 57, e ele ainda não decidiu se é Eric Clapton, Jimmy Page ou Jimi Hendrix. Mas não deve demorar. O comentarista da Globo comprou uma lendária Gibson Les Paul preta, com direito a amplificador e pedais, e já decidiu que vai mergulhar nas aulas assim que a pandemia der um tempo. Afinal, nunca é tarde para solar.
Diga-me com quem andas e não te direi quem és
Esqueça as companhias boleiras e os colegas engomadinhos da TV que pensam que Greta Van Fleet é a nova promessa holandesa da natação. Casão sempre foi do rock.
É uma paixão incrível. Só não sou músico. Ainda não toco guitarra nem toco em banda. Mas vivo o rock'n'roll intensamente desde que me deparei com ele
Walter Casagrande Júnior, que também é apresentador do programa "Rock e Bola" na 89,1 FM
Mas, para viver o rock pleníssimo, ele precisa superar um trauma
Nos anos 1980, quando se transferiu para o futebol italiano, Casagrande tomou uma decisão séria. Iria se matricular em um conservatório e realizar o sonho antigo de aprender música. Mas, infelizmente, deu bem ruim.
Casão cometeu dois erros que o levaram a abandonar os estudos
- Ele amava guitarra, mas escolheu estudar o instrumento errado, o violão clássico.
- Ele não tratou sua timidez quase patológica, que vinha da infância e só sumiu mesmo depois de virar comentarista de TV.
Treinava de manhã e tarde, e a aula acabava quase 22h. Eu ficava cansado, com fome e não conseguia me concentrar. Na apresentação de fim de ano, tive que tocar uma música clássica na frente da minha família, professores e outros alunos, mas tive um ataque de timidez. Ensaiei direitinho, mas não consegui
Casagrande, que nunca foi tímido para fazer outras coisas
Mesmo sem saber tocar, ele sempre foi bem rock'n'roll
Peitando dirigentes nos tempos de Democracia Corinthiana
Dando uma de produtor e armando show do Raul Seixas
Aparecendo como ator no filme "Onda Nova" (e teve até cena de sexo!)
Tendo coragem de se abrir sobre o vício em cocaína na final da Copa da Rússia
(Quem não chorou mentiu)
Ou ainda discutindo com Caio Ribeiro sobre política e futebol (sim, isso se mistura!)
Mas como ele se converteu à religião do rock?
Aconteceu no inicio dos anos 1970. O curioso Waltinho, aos sete anos deidade, já fuçava no toca-discos da família colocando a agulha nos LPs do pai e das irmãs. Até que um dia, em meio aos vinis de pop e soul, ele pinçou um Chuck Berry e ouviu "Johnny B. Goode".
O resto é história
Depois comecei a ouvir compactos dos Beatles e outras coisas como Led, Doors, Black Sabbath. Mas só fui definir meu gosto quando escutei Janis Joplin. Sou fã desde criança. Quando tinha aniversário e Natal, a maioria dos meus presentes era relacionada a ela. Discos, quadros, desenhos. Janis é o máximo
Casagrande
Concordamos, Casa!
Mas ser roqueiro não fazia dele um estranho no ninho da bola?
Que o rock vive hoje fora dos vestiários brasileiros, reino de sertanejo, gospel e pagode, a gente já imaginava. Mas, até o início dos anos 1990, o rolê era diferente. Ouvia-se muito rock, MPB e samba-enredo em viagens e concentrações. E Casão, bom sujeito que é, também gostava e se arriscava nos batuques do mais brasileiro dos ritmos.
Mas com estilo e atitude de um John Bonham, é evidente
Já carreguei muito o Magrão [Sócrates], que gostava de sertanejo, para muitos bailes de rock na época. A gente saía muito. Junto também do saudoso Solitinho, que era meu 'irmão' desde a base, e o irmão dele, o Solitão. Eles amavam rock. Tinha muito rock'n'roll no futebol dos anos 1980. Era natural
Ir a shows acompanhado de colegas de Corinthians, por sinal, rolava sempre. Casão testemunhou, por exemplo, a histórica estreia do Queen no Brasil no Morumbi, em março de 1981. E se emocionou cantando "Love of my Life" com Freddie Mercury e um coro de cem mil vozes.
Só o vídeo já arrepia
Mas o show que mais me impactou foi o Rock in Rio de 1985. Mais de 200 mil pessoas. Fui dia 19 de janeiro, com Solitinho e Ismael, lateral-direito do Corinthians. Foi um sonho. Vimos Pepeu e Baby, Whitesnake, Ozzy e AC/DC. Jamais esquecerei
Essa e outras histórias inesquecíveis da vida do Casa estão no livro "Travessia", que ele lançou este ano pela Globo Livros
O que não dá para esquecer também que, 35 anos depois do Rock in Rio, o rock está longe do que foi. Tanto em criatividade quanto em popularidade. Isso não preocupa?
Não. O rock nunca vai morrer. É eterno. O que acontece é que modismos vêm e vão. E algumas coisas são até legais. Mesmo quando não é minha parada, valorizo muito quem conquista um espaço grande mesmo tocando outros estilos
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