'The Boys': Por que a gente gostou tanto de ver heróis sendo babacas?
De Splash, em São Paulo
08/09/2020 09h37
O Capitão Pátria voltou mais instável do que nunca... Billy Bruto voltou mais determinado...
Ou seja: "The Boys", a série do Amazon Prime Video sobre super-heróis que não são tão legais assim, também voltou —e ainda melhor! E Splash sentou para um papo com Karl Urban, o Billy Bruto, e Laz Alonso, o Leitinho.
Entre novidades e bastidores (bem sangrentos), tentamos descobrir uma coisa: Por que a gente gostou tanto de uma série em que os heróis não valem nada e os "mocinhos" (com muitas aspas) só querem vingança?
Calma, vamos lembrar umas coisas básicas sobre a série: criada por Eric Kripke com base na HQ de Garth Ennis, "The Boys" acompanha um grupo de desajustados que vai atrás dos Sete, uma espécie de "Liga da Justiça", após a namorada de Hughie (Jack Quaid) ser literalmente atravessada (e morta) por um deles.
E não, essa não é nem de longe a única atrocidade que os "supers" cometem.
Para Laz, a série deu certo justamente porque os heróis dela são o oposto das figuras idealizadas que a gente nos filmes da Marvel e da DC. Não tem nenhum Capitão América nem nenhuma Mulher-Maravilha por ali.
Todos nós temos falhas. Na vida real, boas pessoas fazem coisas ruins, e pessoas más fazem coisa boa. Nossa série realmente entra nisso, diferentemente de outros filmes e séries de heróis, em que eles são esses seres perfeitos cujo maior defeito é querer ajudar mais.
E, para ele, até a linguagem de "The Boys" é mais realista. "Não tem ninguém mais profano do que Billy Bruto", brinca. Difícil não concordar, né?
E isso não é só a gente que está dizendo, mas o próprio Billy Bruto:
Os nossos heróis são esses seres profundamente perversos e perturbados. Acho que é uma boa mudança de paradigma, é um olhar fresco para um gênero que já está com a gente há mais de 50, 60 anos.
Karl Urban
Novidades sangrentas
Mas vamos falar de coisa boa: novidades da segunda temporada. Laz e Karl entregam que ela será ainda mais sangrenta que a primeira (nós vimos tudo depois do papo e confirmamos: sim, é verdade).
Na primeira temporada, Jack era o cara que estava sempre coberto por sangue. Na segunda, Eric realmente compartilhou a riqueza [risos]
Laz Alonso
Não é exagero: para filmar um episódio do novo ano, os dois passaram duas semanas de gravação cobertos de sangue (falso, claro).
Era da cabeça aos pés. Não é confortável quando você está coberto de sangue e faz 30 graus. Mas nós sempre nos divertimos, e é o que leva as atuações a outro nível. Trabalhamos muito, mas nos divertimos muito.
Karl Urban
E os boys?
O primeiro ano de "The Boys" terminou com Billy descobrindo que Becca (Shantel VanSanten), sua mulher, não só está viva como tem um filho, fruto do estupro que sofreu pelo Capitão Pátria (Antony Starr). A revelação terá um impacto forte não só em Billy, como também no grupo ao longo dos novos episódios.
Bruto está muito mais desesperado e mais vulnerável. Ele precisa dos garotos para achar sua mulher, mas ele os abandonou para perseguir sua vingança, então ele não está exatamente em bons termos com eles. É o primeiro conflito com o qual eles terão de lidar.
Karl Urban
Laz conta que os fãs tambémvão conhecer mais a história do grupo —inclusive o motivo que levou Francês e Leitinho a se odiarem. Também vamos conhecer um pouco do passado de Leitinho, em um momento que vai se conectar MUITO com os protestos anti-racismo que tomaram o mundo após a morte de George Floyd, nos Estados Unidos.
Vamos entender a doença que Leitinho tem, que ele herdou do pai, e isso de certa forma vai explicar porque ele é parte do grupo. Eric Kripke, nosso criador, me deixou colaborar com o monólogo, que ficou muito emocionante e conversa com os protestos e o movimento Black Lives Matter.
Laz Alonso
Uma nova super
Antes de continuar, atenção: A partir daqui há spoilers. Não leia se você não está em dia com a nova temporada.
O que também se conecta ao espírito dos tempos é a nova super-heroína dos Sete: Stormfront (Aya Cash). Se no começo ela parece carismática, logo nós descobrimos que ela é, na verdade, uma supremacista branca.
Tanto Karl quanto Laz garantem: ela é uma ameaça ainda maior do que o Capitão Pátria.
O que faz dela tão perigosa é que ela tem uma ideologia que é assustadora e maléfica, enquanto o Capitão Pátria está mais preocupado em beneficiar a si mesmo. Ela é ruim até dizer chega.
Karl Urban
Laz adianta que veremos Stormfront manipulando bastante o Capitão Pátria: "Não é que ela seja muito mais poderosa do que ele, mas os jogos mentais dela a tornam ainda mais perigosa".
Mas vem cá, o hype é real?
Sim! Nós já vimos todos os oito episódios da temporada, e ela está incrível! As cenas de ação continuam de tirar o fôlego, e a história fica ainda melhor, já que vamos descobrindo novos lados dos personagens que já conhecemos. A ironia do texto continua firme e forte, e "The Boys" acerta muito ao usá-la para falar de temas sérios como racismo.