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Diretor de 'High School Musical' faz remake de série brasileira

Julie and the Phantoms
Julie and the Phantoms
Netflix/Divulgação

De Splash, em São Paulo

10/09/2020 12h07

Remakes são muito comuns no mundo das séries e filmes. Mas quem imaginaria que um seriado brasileiro exibido pela Band em 2011 chegaria em Hollywood? Essa é a nova aposta de Kenny Ortega, diretor de "Julie and the Phantoms", que estreia hoje na Netflix.

Não, o nome dele não é estranho: ele é o nome por trás de "High School Musical"

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O novo seriado é uma versão americana da série "Julie e os Fantasmas", exibida entre 2011 e 2012 pela Band. Sai São Paulo, entra Los Angeles, mas o plot segue o mesmo. Julie perde a paixão que tinha pela música após a morte de sua mãe, mas redescobre sua veia artística com a ajuda de três fantasmas, vindos direto de 1995!

Splash bateu um papo com o diretor da série, Kenny Ortega, responsável por alguns dos maiores sucessos da TV e do cinema como "Abracadabra" e "High School Musical".

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Amamos o espírito da série! Queríamos transformar aquilo em um produto internacional. O projeto brilhou desde o início! Fizemos 15 músicas originais para ela. Espero que os fãs brasileiros gostem bastante e sintam a energia, a mesma da original. Existe uma conexão entre a série brasileira e a nossa.

Força latina

Por se tratar de um remake de uma série brasileira, Kenny fez questão de que a protagonista, Julie, fosse uma garota latina. A escolhida para o papel é a estreante Madison Reyes, de apenas 16 anos, de ascendência portorriquenha.

Eu nunca aceitaria que a série não fosse protagonizada por uma garota latina! Isso foi muito importante. Era crucial que a história girasse em torno de uma família latina. Encontrar Madison foi como uma história de Cinderela. Queria uma garota com que todos pudessem se identificar. Que ela pudesse ser sua irmã, sua filha, sua amiga ou até mesmo você.

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Mais de mil cartas para escolas de atuação

Para encontrar Madison, Kenny e sua equipe enviaram mais de mil cartas para escolas de atuação espalhadas pelos EUA. Quando receberam o teste de Madison, dizendo não somente suas falas, mas também a dos outros personagens, sabiam que era a garota certa.

Foi algo inacreditável, ficamos encantados por ela. Ela era corajosa, divertida. Quando assistimos ao vídeo, sabia que era ela! Conversei com toda a família e trazê-la para Los Angeles foi a alegria da minha vida.

Tributos ao passado

Além de dirigir grandes sucessos, Kenny também já foi ator e coreografou clássicos como "Dirty Dancing - Ritmo Quente", "Xanadu" e "Curtindo a Vida Adoidado", além de dirigir turnês de nomes como Miley Cyrus, Cher e até Michael Jackson! Ele revela que "Julie" trará pequenos "easter eggs", ou seja, referências aos antigos trabalhos.

Minha vida está no meu trabalho. As pessoas que passaram por ela, minhas experiências, meus mentores: John Hughes, Gene Kelly, Francis Ford Coppola, Linda Gottlieb, a Disney... É menos sobre tentar encaixar meus trabalhos antigos nesse e mais sobre minha vida invadir o meu trabalho. Me encontro na história!

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Então, se você é fã de "Abracadabra" ou "High School Musical", preste muita atenção! Kenny promete que algumas cenas do novo seriado despertarão memórias ligadas a esses filmes.

Representatividade

Kenny fez questão de focar na diversidade do elenco para além da protagonista. É a primeira vez que um de seus filmes ou séries voltados para crianças e adolescentes trará um personagem abertamente gay. O diretor conta que sempre gostou de trazer referências LGBTQ+ em seus trabalhos, mesmo que de maneira implícita, como é o caso de Ryan, em "High School Musical".

Se você prestar atenção nos meus filmes, você sempre vai achar isso em algum lugar. Em 'Julie', temos um dos fantasmas que é gay e tem um relacionamento com outro rapaz. Para mim, quando eu era jovem, como um homem gay, eu não tinha exemplos de personagens gays. Teria me ajudado tanto ter essas referências...

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Kenny espera poder fazer a diferença para que outros jovens LGBTQ+ consigam se enxergar representados em suas séries e filmes, de maneira positiva e não pejorativa.

Ser gay não era algo discutido na minha época, e se fosse, era para ser criticado. Vivi em segredo por tanto tempo. Só me senti confortável na minha própria pele no ensino médio. Ser responsável por ter bons exemplos de personagens gays no meu trabalho é muito importante.

Nova geração de fãs

"High School Musical" foi lançado há quase 15 anos. Outro fenômeno, "Os Descendentes", é de 2015. Ao longo de todo esse tempo, como Kenny percebe a mudança na cabeça do público infanto-juvenil que acompanha seus trabalhos?

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Mais ferramentas estão disponíveis para crianças, mais maneiras de se comunicar com os outros. Mas eu descobri que o público que assistiu a 'High School Musical', 'Cheetah Girls', 'Hannah Montana' ou 'Os Descendentes' agora tem seus filhos, seus irmãos mais novos e mostram tudo isso para eles.

O trabalho de Kenny atravessou gerações e ainda hoje é lembrado por carinho por quem viveu a época, tanto pelo público mais novo que redescobre a força dos clássicos de outros tempos. Kenny espera que "Julie and the Phantoms" siga o mesmo caminho.

Tudo isso continua sendo significativo para as novas gerações. Em todos os lugares que vou, sempre me perguntam quando vou fazer outro 'High School Musical'. Sinto que criamos um entretenimento feito de inocência, o poder de contar histórias e mensagens positivas que se mantém relevantes e talvez sejam mais importantes agora do que quando comecei minha carreira.

Série 'Julie and the Phantoms' estreia na Netflix - Netflix/Divulgação - Netflix/Divulgação
Julie and the Phantoms
Imagem: Netflix/Divulgação