Rainha das lives, a sambista Teresa Cristina é fã de Iron Maiden
De Splash, em São Paulo
14/09/2020 04h00
Quem tá por dentro do samba carioca já conhecia Teresa Cristina de outros Carnavais. Pois o resto do país teve o privilégio de se aproximar de TT, como é carinhosamente chamada, durante a quarentena.
Coroada Rainha das Lives, de março para cá já fez quase 180 apresentações diárias em seu Instagram. Recebeu Caetano, Chico, Gil, Marisa, Paulinho, Bethânia, Zeca Pagodinho... E foi até capa da Vogue.
O que pouca gente sabe é que esse mulherão é MUITO fã de Iron Maiden
Mas muito fã mesmo
Em entrevista a Splash, Teresa confidenciou que chegou a escolher a faculdade —Letras, com especialização em literatura inglesa e americana— por causa do Iron Maiden. Como? Sonhando um dia se tornar intérprete de Bruce Dickinson, Steve Harris e companhia em uma das (muitas) passagens do Iron Maiden pelo Brasil.
Ela explica isso unindo heavy metal a astrologia
Sou pisciana, né, e a gente vive no nosso planeta. No meu planeta pisciano, eu ia fazer pós-graduação em tradução para ser intérprete do Iron Maiden. Fui nesse embalo durante muito tempo, mas acabei desistindo. Aprendi inglês ouvindo música, não era suficiente para a faculdade, e eu acabei mudando de curso
Ela é tão fã de Iron Maiden que canta até as mais antigas
Sim, essa é "Remember Tomorrow", do primeiro disco do grupo inglês, lançado em 1980, ainda com Paul Di'Anno no vocal, e portanto antes do início da era Bruce Dickinson.
(E esse climão Carnaval no fim ficou demais!)
Mas o povo quer saber: de onde vem esse amor todo?
Nascida em Bonsucesso, na zona norte do Rio, e criada na Vila da Penha, Teresa desenvolveu seu gosto musical em casa, graças aos pais. Deles herdou o gosto por Paulinho da Viola, Cartola (já ouviu o disco "Teresa Canta Cartola"?) e Candeia. Na adolescência, ia a bailes no tradicional Clube Olaria, mas deles não guarda lá muitas boas lembranças:
Quando tocava música lenta, eu ficava sozinha, ninguém me tirava para dançar. Isso mexeu muito comigo, eu ficava triste. Um dia, um primo me levou num show de uma banda cover de metal no Garage. Ali um universo se abriu. Lá não tinha música lenta, não tinha clima de azaração, as mulheres eram superindependentes. As pessoas não estavam preocupadas em fazer tipo. Eu me senti incluída.
A partir dali, ficou tão fã que começou uma coleção de discos de vinil da banda (que deixou com o ex-marido, na separação), sempre procurando o símbolo "escondido" nas capas. Os mais fãs sabem que trata-se da assinatura de Derek Riggs, ilustrador das capas mais clássicas do Iron.
Comprar o álbum do Iron e procurar aquele símbolo era um tesão!
A relação com o Iron Maiden não parou ali. Teresa foi atrás de discos, se aprofundou nas letras, foi saber mais sobre os integrantes:
O Bruce Dickinson é muito foda! É professor de arqueologia, pilota um avião... é um Indiana Jones que não mata.
A mãe dela é que não curtia muito aquele som pesado. Muito menos os traços satânicos do mascote Eddie.
Minha mãe odiava, meu vinil do 'Number of the Beast' estava sempre na lixeira: ela jogava fora, eu pegava de volta. Ela não gostava daquela capa, dizia 'como pode um demônio desses nessa casa'?
Poxa, dona Hilda, tão simpático, o monstrinho...
Teresa tentava argumentar que o Iron ensinou a ela muito sobre História —ela estava no colégio, afinal.
As letras são muito boas, muito cultas. Eu mesma gosto mais da parte mística, de 'Aces High', 'Flight of Icarus', 'The Trooper'. Nossos demônios já são bem terríveis.
Mas dona Hilda nunca comprou a banda. Nem pelo lado do Vascão.
Ahn?
Sim, porque TT, além de ser fãzaça de Iron, é doente pelo Vasco
Quando a torcida do Vasco abraçou o Eddie, o mascote, o amor pelo Iron Maiden se completou, o círculo se fechou, sabe? Até o Steve Harris diz que é vascaíno, porque sabe da torcida jovem!
Nesse meio tempo, a vida aconteceu, e não rolou de Teresa virar intérprete do Iron Maiden, mas ela conta —toda boba— que foi convidada por outro ídolo, Mike Patton, do Faith No More, ao camarim de um show da banda no Rio. Outra banda da qual é fã? Van Halen —mas não da fase Sammy Hagar ("fiquei muito revoltada").
Bronca mesmo ela só tem de Axl Rose e sua postura com os fãs, mas admite:
O 'Appetite for Destruction' é um álbum do caralho, é um álbum de respeito!
Mas voltando ao Iron...
O mais perto que ela chegou de Bruce Dickinson foi no show que eles fizeram em São Paulo, em 2008.
Eu já tinha 40 anos, éramos da mesma gravadora e ganhei um ingresso. Achei uma loucura ir para São Paulo com quase 40 anos na cara para ver o Iron. Fiquei me perguntando se eu ia gostar, cheguei na área vip e estava cheio de playboy, fiquei super incomodada.
Mas os deuses do metal deram uma ajudinha:
De repente, caiu um temporal. A playboyzada foi toda embora, mas eu não quis sair dali. A chuva não durou nem 5 minutos. Quando o céu abriu, com direito a lua, estrelas, me entra o Bruce Dickinson cantando 'Fear of the Dark'... eu achei que ia morrer! Chorei, abracei um desconhecido, voltou tudo, voltou o amor, a admiração.
Mas e aí, Teresa, e se o Bruce Dickinson pedisse para participar de uma live sua no Instagram?
Meu Deus do céu, não tenho nem roupa pra isso! Eu ia ficar afônica!