McFly cria 'MPB britânica' e quer longos shows no Brasil depois da pandemia
O McFly é do Brasil. Ou quase. Os quatro integrantes —que no passado já participaram até do "Casseta & Planeta", da Globo— adiaram sua turnê pelo país por causa da pandemia do novo coronavírus, mas provaram seu amor pelo país com homenagem em uma música e a promessa de caprichar nos shows que ainda farão por aqui.
E um lembrete: "o McFly continua aqui para sempre".
Em conversa com Splash, o baterista Harry Judd disse que se sente um de nós:
Sim, acho que já somos brasileiros. Quase meio a meio, 50% britânicos e 50% brasileiros.
Achou essa ideia absurda? Calma.
Ouça pelo menos o comecinho da música "Happiness":
Ouviu? Há uma batida com toque de bossa nova. O McFly respeitosamente transformou a MPB em "Música Popular Britânica" e já tem até o seu próprio Tom: não é Jobim, mas o vocalista Tom Fletcher.
E não é impressão nossa, não. Harry explica:
Foi divertido brincar com isso. Quando começamos a trabalhar na música, queríamos que tivesse uma vibe de samba. Estávamos empolgados para os brasileiros ouvirem.
O McFly tinha shows marcados no Brasil para março de 2020 e os quatro já estavam de malas prontas, mas adiaram as apresentações quando a pandemia chegou por aqui; as novas datas seriam em setembro, mas, ontem, a banda confirmou que só vai rolar turnê em 2021.
Mas eles deixam claro que voltarão para cá —e com "100% de certeza", segundo Harry.
É frustrante, estávamos tão perto de voltar para o Brasil! Nós já estávamos falando de ir para aí há muito tempo. Assim que pudermos voltar, nós vamos voltar. E continuaremos voltando sempre que pudermos.
Harry
Esses somos nós na pandemia:
Embora seja frustrante, a banda entende a gravidade do problema: o clipe de "Happiness" foi gravado com isolamento, cada um na sua casa.
É uma situação extrema. Tem muita gente morrendo todo dia! Quando a turnê foi adiada, estávamos nas nossas casas e ouvíamos ambulâncias, era horrível. Não reclamamos, só fizemos nossa parte.
Harry
Esse vídeo mostra o processo:
Não muito otimista, Dougie prevê que será um idoso quando a pandemia acabar, mas quer shows longos.
Eu provavelmente vou ter 60 anos. Vocês têm o melhor público do mundo, quero ver todos surtando, mas vou ficar feliz se pudermos estar juntos. Não tocamos aí faz tempo, então queremos tocar muitas músicas. Vamos ficar no palco pelo tempo que aguentarem.
Marty McFly ficaria orgulhoso.
O nome da banda foi inspirado em "De Volta para o Futuro", então não tem problema lembrar do personagem guitarrista que adoraria fazer shows longos.
O baixista Dougie só não tem tanta noção de tempo quanto o muso inspirador Marty.
Dougie: "Vai ser muito louco. Estou treinando para ficar em forma para fazer um show de 90 minutos e pular o tempo todo. Não quero ficar cansado".
Harry: "Mas isso dá 1h30. Nós precisamos fazer um set de mais de 2h".
Dougie: "É verdade. Eu tô trabalhando nisso, cara, pega leve. Passei os últimos meses vendo Netflix".
Então é bom já irem treinando o nosso idioma, né?
Quando a reportagem disse "oi, tudo bem?", Dougie gritou em inglês do outro lado da conversa:
Ótimo, eu tinha esquecido das frases em português!
O álbum "Young Dumb Thrills", que será lançado em novembro, ainda trará outras surpresas além do toque de brasilidade em "Happiness". Aliás, a música é bem diferente do restante do disco. O segundo single, "Growing Up", por exemplo, tem um estilo muito parecido com o do Blink 182.
Deve ser porque Mark Hoppus, do Blink, participou da música.
O álbum é diversificado e provavelmente é o nosso melhor. Não é uma coisa só. Foi ótimo escrever as músicas e não pensar: 'Ok, esse álbum todo tem que soar assim'. Nós pudemos experimentar com batidas diferentes, como fizemos com 'Happiness'. Tem muitas surpresas. - Dougie
Para os fãs das antigas, há um pouquinho dos álbuns "Radio:Active" e "Motion in the Ocean" nas faixas do novo disco, mas com roupagem diferente.
Dougie: "Nós abraçamos o desafio de tentar fazer algo diferente que fosse poderoso sem a necessidade de guitarras e baterias pesadas. Queríamos fazer isso soar épico sem o estereótipo rockstar".
Harry: "Sim, porque é muito fácil usar só baterias pesadas e rifes de guitarra. Nós tentamos abordar as músicas de um jeito diferente".
A volta do McFly em 2019 fez muita gente feliz —principalmente no Reino Unido e no Brasil, que, de longe, concentram a maior quantidade de fãs da banda no mundo todo.
Há risco de pararem de novo?
Dougie, o baixista, acha que não: "Tenho zero talento em qualquer outra área, só no McFly, então não tem chance de eu fazer qualquer coisa além disso."
Eu tenho muitos talentos, Dougie não [risos]. Nunca deixamos de querer o McFly. Queríamos voltar, era só questão de quando e como. Nunca pensamos que seria uma pausa tão longa. Quero que meus filhos me vejam nos shows. - Harry
Vale até criar uma banda com os filhos.
Em 2035, vêm aí os "McBabies".
"Qualquer coisa que não seja McFly é profundamente insatisfatória para a gente", declarou Harry.
E Dougie concorda:
"Não tem nada tão satisfatório quanto McFly. É divertido fazer projetos paralelos e experimentar, mas esses projetos só fazem o sentimento ser melhor ainda quando voltamos à banda. Todos os projetos nos tornaram membros melhores para o McFly."
O retorno da banda contou com terapia, apoio familiar e paciência.
Em quatro pessoas, é difícil ter tanta decisão criativa. Mas nós nos comunicamos melhor agora, temos mais consciência. - Harry
Nós começamos jovens demais para compreender. Não entendíamos o que diabos estava acontecendo. Eu era muito jovem até para beber nos Estados Unidos! - Dougie
E põe "jovens" nisso!
Perguntamos se eles se arrependem de algo... Como dos penteados antigos.
Harry: "Eu não me arrependo dos nossos penteados antigos, pelo menos agora é divertido".
Dougie: "Mesmo que alguns penteados pareçam ruins e as roupas também... É nossa história, nossa cápsula do tempo. Na época, nós nos achávamos legais para car!#@ho. E os fãs também achavam! É mais vergonhoso ainda para os fãs! Eu me arrependo de ter marcado turnê em 2020 e não ter impedido o coronavírus".
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