'Enola Holmes': Millie Bobby Brown ensina feminismo a Sherlock e encanta
Millie Bobby Brown nos encantou de novo. A atriz é a estrela do filme "Enola Holmes" (dirigido por Harry Bradbeer, de "Fleabag", e produzido pela própria Millie), que chega à Netflix em 23 de setembro e já foi visto por Splash antecipadamente.
A história da detetive se passa em 1884 e diverte espectadores de todas as idades, mas Enola tem 16 anos e pode ser um símbolo para os mais jovens.
Afinal, ainda temos muito a aprender com uma garota que desafia a sociedade conservadora e a necessidade de se preocupar com marido e espartilho aos 16.
Há até uma cena em que uma educadora tenta ensinar a Enola como uma mulher deve rir; assim como ela, a autora desse texto descobriu que ria do jeito errado —e provavelmente você também.
E por que Enola não deveria ensinar um pouco sobre feminismo a Sherlock, seu irmão mais velho metido a sabe-tudo que, até então, entendia (ou se importava) pouco sobre a liberdade feminina?
Existem dois caminhos que você pode seguir, Enola: o seu ou o caminho que os outros escolherem para você.
- Eudoria Holmes, mãe de Enola
Aqui, a personagem não é a Onze (Eleven) de "Stranger Things", mas Millie mostra tanto carisma que vale por 11.
E, ao ouvir seu sotaque britânico nativo, é inevitável lembrar do desenvolvimento de Emma Watson em "Harry Potter": ambas não são perfeitas e talvez usem demais as sobrancelhas, mas conseguem dar vida a meninas fortes e convincentes.
Quando Enola olha para a câmera e fala com o espectador, a gente não sabe se ri ou se entra no filme para protegê-la do homem adulto que quer matá-la.
Não que ela precise, já que a garota foi treinada pela mãe até no jiu-jitsu.
De trás para frente, Enola é "alone" ("sozinha" em inglês), mas Millie não está sozinha:
O elenco tem estrelas como Henry Cavill (famoso por "Superman") no papel de Sherlock, Sam Claflin (de "Jogos Vorazes") como o chato irmão Mycroft, e Helena Bonham Carter (de "Harry Potter") como a mãe feminista Eudoria.
Helena Bonham Carter aparece pouco nas duas horas de filme por um motivo: o misterioso sumiço de Eudoria é o que move a trama e leva Enola até a mal-educada versão vitoriana de Londres.
A adolescente parte em busca da mãe, mas encontra mais problemas ao salvar a vida de um lorde (interpretado por Louis Partridge) que, ao contrário dela, tenta fugir da própria mãe.
O garoto é o oposto de Enola: cheio de etiqueta, aristocrata e... Bem, incapaz de se defender de um homicida.
Nesse caso, ele é o "donzelo" em perigo.
Com o voto dele e de outros lordes, a Inglaterra deverá decidir se aceita a participação feminina nas eleições.
Enquanto isso, a jovem senhorita Holmes reconstitui os passos da mãe para entender o que pode ter acontecido com ela.
Enquanto protege o lorde, ela se lembra da frase da mãe:
Pinte sua própria imagem. Não se deixe distrair por outras pessoas, especialmente homens.
Só é difícil evitar os homens quando dois deles (o perspicaz Sherlock e o influente Mycroft) estão na sua cola.
Por isso, a personagem precisa se disfarçar e calcular seus passos com inteligência.
Aliás, Enola é mais inteligente do que o mistério em si.
A trama do filme não é das mais complexas. Alguns detalhes são convenientes demais e facilitam o caminho de Enola. Sim, ela é excelente no jiu-jitsu, recebeu treinamentos diversos da mãe e é veloz na corrida. Mas por que um bandido sem escrúpulos optaria por não atirar quando a pessoa que ele quer matar está desacordada?
Nada disso, porém, tira o charme do filme.
Afinal de contas, mulheres de diferentes gerações cresceram vendo James Bond sobreviver a situações inexplicáveis na franquia "007" —e como esquecer os personagens que simplesmente usam máscaras perfeitas em "Missão: Impossível" para esconder suas identidades?
A diferença, aqui, é a história focada em lutas feministas e no que uma mãe é capaz de fazer para que sua filha seja mais livre do que ela.
Graças a isso e ao carisma de Millie Bobby Brown, "Enola Holmes" vale as duas horas de sofá e merece a atenção dos fãs de histórias detetivescas.
E uma curiosidade...
Inicialmente, "Enola Holmes" seria lançado no cinema pela Warner, mas o coronavírus atrapalhou. A Netflix comprou o filme pronto para distribuí-lo.
O fato de não ter sido feito pela Netflix explica a ausência de um easter-egg que teria sido saboroso: ao citar as "fases" de um plano, Enola diz vários números aleatórios... Infelizmente, o 11, de Eleven, não é um deles.
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