De Silvio na 'Praça' aos festivais da canção, acervo das TVs tem raridades
Em 2020, a TV completa 70 anos da sua chegada ao Brasil. De lá pra cá, o que não faltam são registros de grandes histórias vividas neste período.
E onde ficam guardadas essas imagens? Boa parte delas está nos arquivos das TVs, popularmente chamados de CEDOCs (sigla para Centro de Documentação).
Mesmo com incêndios e enchentes que, ao longo do tempo, danificaram parte do acervo de alguns canais, os arquivos guardam momentos históricos do Brasil e do mundo e vêm se adequando à revolução tecnológica dos últimos tempos.
Boa parte do conteúdo televisivo foi produzido de forma analógica e, hoje, todas as TVs passam por um processo de adaptação e digitalização desse material.
As emissoras já conseguiram decupar e catalogar boa parte dos seus acervos, e algumas já estão em processo avançado de digitalização.
Splash conversou com as TVs abertas para saber mais sobre essa parte tão importante para a cultura da televisão. Qual é o tamanho físico do acervo? Como está o processo de transformação do analógico para o digital? O que tem de mais especial no catálogo?
Os festivais de música da Record
A TV Record tem um dos acervos mais antigos do país. Seu arquivo foi criado em 1953 e fica localizado na Barra Funda, em São Paulo.
Parte do acervo recente da TV já está todo digitalizado e fica numa sala de 88 m². São mais de 4.000.000 de GB disponível para armazenamento, o que dá para armazenar mais de 150 mil horas de conteúdo em formato digital.
A Record também mantém parte de seu arquivo em formato analógico.
A TV sofreu com incêndios, que atingiram parte do seu acervo. O maior deles foi em 1969 e danificou boa parte do material à época.
Mesmo assim, a Record tem nos seus arquivos uma parte significativa da memória política e cultural do país, com destaque para os arquivos de música popular dos anos 1960 e 1970 —por causa dos festivais de música que promovia.
Enchente atingiu acervo do SBT
Nascido em 1981, o SBT criou seu arquivo em 1996. Localizado na sede da TV, em Osasco, o arquivo fica num local de 1.500 m², onde trabalham 21 profissionais.
O SBT também varia seu acervo entre mídia física e digital. Segundo a empresa, são mais de 300 mil mídias físicas, e o processo de transição está "em curso" para que "o mais breve possível, todo o acervo seja digitalizado".
Em 1996, uma enchente destruiu parte do arquivo do SBT. Dentre os principais destaques do arquivo da TV de Silvio Santos estão o primeiro "A Praça É Nossa", que contou com a participação do próprio Silvio, e o primeiro debate entre presidentes na TV, em 1989.
Livros e objetos cenográficos na TV Cultura
Criada pelo Diários Associados em 1960 e refundada pela Fundação Padre Anchieta em 1969, a TV Cultura criou seu centro de documentação só em 1986.
Trabalham no acervo cerca de 30 pessoas em seis áreas: filmoteca, discoteca, fotografia, setor de pesquisa de texto, biblioteca e centro de memória audiovisual.
O acervo da TV Cultura, que conta também com material de terceiros, como reportagens de jornais e álbuns de música, é um dos mais diversos.
São centenas de milhares de livros, CDs, negativos, além de objetos cenográficos de programas que marcaram época, como "Castelo Rá-Tim-Bum". Tudo disposto na sede da Fundação Padre Anchieta, em São Paulo.
Em 1986, mesmo ano da criação do acervo, um curto-circuito destruiu parte do material. A TV Cultura está na memória do brasileiro e tem nos seus arquivos programas icônicas do "Roda Viva", "Ensaio" e "Metrópolis".
Para ficar num único destaque, a TV guarda com carinho a última entrevista da escritora Clarice Lispector, em fevereiro de 1977. Clarice havia pedido que ela só fosse divulgada após sua morte, o que ocorreu em dezembro daquele ano.
TV Gazeta guarda clássicos do esporte
Criada em 1970, a TV Gazeta instituiu seu setor de arquivos em 1983. Ele fica no prédio da Fundação Cásper Líbero, em São Paulo, onde atuam cinco funcionários. Atualmente, o setor passa por reforma para adequação do espaço.
A Gazeta também está num processo de digitalização. Segundo a empresa, desde 2011, parte das fitas analógicas foram digitalizadas. No entanto, alguns arquivos, por serem muito antigos, não passarão pelo processo.
A Gazeta, felizmente, não passou por nenhum grande incidente que prejudicasse seu material. O destaque do acervo fica por conta dos eventos esportivos, principalmente clássicos do futebol paulista da década de 1980 e 1990.
TV Bandeirantes enfrentou incêndio
O departamento de arquivos foi iniciado em 1967, mesmo ano da fundação da TV. Hoje, trabalham no setor cerca de 20 profissionais, que atuam em um espaço de cerca de 600 m².
Seu arquivo também é composto por materiais analógicos e digitais. Segundo a Bandeirantes, há um estudo para digitalizar parte do conteúdo físico —que já está decupado e catalogado.
Assim como a Record, em 1969 um incêndio danificou parte do material. As pedras preciosas da TV Bandeirantes são grandes entrevistas do programa "Cara a Cara", com Marília Gabriela, e "Série Documento", com Pink Wainer.
O jovem arquivo da Rede TV!
O arquivo mais recente é o da Rede TV!, fundado em novembro de 1999 e que atualmente conta com oito funcionários.
Por ser a mais novinha, a emissora passa pelo processo de conversão do analógico para o digital desde 2003. O arquivo da TV é dividido em dois ambientes. Um com o conteúdo mais recente e de fácil acesso, e outro para arquivos com mais de dois anos.
Uma das principais preciosidades o último programa da Hebe na TV, em 2012.
Acervo da Globo é espalhado pelo Brasil
O CEDOC, foi criado em 1976. Hoje, ele está presente em cinco capitais: Rio, Belo Horizonte, Brasília, Recife e São Paulo. A Globo mantém seus arquivos em mídias analógicas e digital. Os mais recentes têm 25.000.000 GB armazenados e 600 mil mídias físicas.
Um incêndio que atingiu a TV Globo em 1976 afetou parte do acervo da emissora, que tem nos seus arquivos cobertura de grandes acontecimentos pelo mundo, como a queda do muro de Berlim.
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