Por que João Pedro Paes Leme deixou direção da Globo e abraçou Felipe Neto?
Foram duas décadas de TV Globo: João Pedro Paes Leme foi diretor-executivo de esportes do canal até 2016. Dificilmente alguém deixaria um cargo poderoso por vontade própria, não é?
Mas JP trocou tudo isso pelo "futuro" e abraçou Felipe Neto, de quem é sócio na Play9 ao lado de Marcus Vinícius Freire.
Hoje é um novo dia de um novo tempo que começou... diz a música da emissora.
O jornalista conversou com Splash sobre o que passou pela sua cabeça quando deixou a Globo —e abriu o jogo sobre sua relação com o youtuber que trocou os palavrões pelo debate político.
Quando terminou a Olimpíada, era um ciclo de fechamento de sonhos e um momento positivo para a transformação da comunicação. Não continuaria fazendo o que achava que não traria mais desafio em uma plataforma que eu considerava já decadente. Mas quando se fala "decadente", não é que a TV vá terminar.
Não vamos decretar o fim da televisão como muita gente já fez. É "decadente" no termo oposto ao que é "ascendente". Um cara como o Felipe Neto, com quase 40 milhões de inscritos, é o William Bonner dele mesmo, é a Globo dele mesmo, é o editor-chefe do jornal dele mesmo.
Não é questão da Globo, da BBC, da NBC ou da Record, é a plataforma televisão. A gente estava começando a perder a sensação de "essa é a plataforma que vai dar o próximo passo para a comunicação". Um dia, o jornal veio e foi um impacto; depois, veio o rádio, o cinema e a TV.
E a TV não matou o cinema, só fez com que se transformasse para sobreviver ao surgimento da nova potência. Antecessores e sucessores podem funcionar juntos, e é por isso que a empresa trabalha com nomes como Fátima Bernardes.
Uma composição mágica faz a Fátima ter um protagonismo no offline, mas ser relevante no digital. O inverso é mais difícil. Você não vai ver o Felipe Neto ou o Whindersson dizendo "quero virar apresentador da Globo, do SBT, da Record". Eles fazem fortunas dentro de casa! Por que vão ter esse desafio?
O debate ainda é muito geracional, mas fica claro que a potência, hoje, é a internet (e o investimento no Globoplay mostra que a Globo sabe bem disso).
E Felipe Neto, sócio de JP que raramente aparece na TV, virou uma das 100 pessoas mais influentes do mundo em 2020 segundo a revista Time, dos EUA.
A história da Globo não se mistura muito com a de Felipe Neto, mas pouca gente sabe —ou se lembra— que o youtuber já teve quadro no "Esporte Espetacular", em 2011. Quem o levou para a emissora foi ninguém mais, ninguém menos que JP.
O único crachá que ele teve na vida. Em 2011, ele não tinha nem 1 milhão de inscritos. Claramente, eu percebi que ali tinha um cara muito fora da curva. Ele é incrível, um mega comunicador inteligentíssimo, muito sagaz, um cara que queria ler e se informar o tempo todo.
A única coisa que João Pedro não achava "inteligentíssima" em Felipe era a mania de falar palavrões em tudo o que produzia dentro e fora do YouTube.
O ex-diretor da Globo foi um dos que o incentivaram a mudar esse comportamento.
Enchi muito o saco dele. 'Felipe, você é muito articulado. O palavrão é a bengala de pessoas que não têm essa capacidade'.
Escrevi um WhatsApp, parecia uma bíblia, e ele se convenceu. Eu acho louvável isso, muito legal a pessoa admitir, como todos nós, os erros que cometeu quando tinha tal idade.
Eu acho muito normal que esse processo de mudanças aconteça. O YouTube no Brasil tem 10 anos, o Felipe tem 10 anos no YouTube. O YouTube é um adolescente; a televisão está fazendo 70 anos... quantas pessoas também não erraram do mesmo jeito lá no início da televisão?
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