Criadores de 'Bom Dia, Verônica' pensam em crimes e assassinos até na praia
De Splash, em São Paulo
05/10/2020 12h00
Ilana Casoy e Raphael Montes são assustadoramente brilhantes. A dupla escreveu o livro e a série "Bom Dia, Verônica", da Netflix, que conta uma história pesada com crimes macabros. Vai saber como funciona a cabeça desses dois, né? Splash tentou descobrir.
A gente pensa toda hora. Eu e o Rapha matamos vários por dia! Às vezes, tem uma pessoa que te irrita muito e você fala: 'Nossa, quero matar'. Aí você não mata, mas mata no livro. Ou a gente está na rede, no campo, no mar, na praia... É bem doido. Criar thriller não é uma tarefa fácil.
- Ilana Casoy
Ave, Maria!
Escrever um roteiro como esse pode trazer situações constrangedoras. Um produtor da Netflix ligou para avisar que alguma coisa teria de ser diferente, e Rapha, que estava fazendo esteira na academia, ficou indignado e disse que alguém precisava morrer de tal forma.
A pessoa que estava do meu lado na esteira olhou para mim chocada, como assim 'tem que morrer'? A gente vive nesse universo imaginário que é muito real.
- Raphael Montes
Mas calma, gente! Os dois não são facínoras doidos e sanguinários.
Aliás, mesmo nas histórias que escrevem, Ilana e Raphael usam o crime, o suspense e a violência como instrumentos que podem causar reflexão —e isso está presente em "Bom Dia, Verônica", já que o vilão é um serial killer machista.
Não é uma violência para o entretenimento, ela tem o objetivo de causar uma reflexão, de se aprofundar nesse assunto e mostrar como é esse processo. Tanto para a vítima, para a polícia, para o vizinho... A gente não gosta da violência com objetivo de entreter. O nosso objetivo é fazer pensar.
- Ilana
Quem conta histórias tem de ser apaixonado por observar o outro. A maior felicidade da minha carreira foi entender a potência que as histórias têm de transformar, denunciar, cutucar feridas e causar reflexões. O que nos interessa é o lado humano. Não é uma violência gratuita para chocar.
- Raphael