O Maracanã é um templo do futebol, mas já foi também palco de shows históricos, entre eles o de Frank Sinatra —em 1980, para mais de 150 mil pessoas. E foi exatamente disso que o cantor Thiaguinho se lembrou quando recebeu o convite para apresentar seu "Tardezinha" no estádio, em dezembro de 2019.

Esse é um sonho que nunca sonhei. Eu nunca imaginei cantar no Maracanã. Quando surgiu a proposta de cantar lá, palco de grandes artistas da música mundial, me veio logo na cabeça o Frank Sinatra. Não é um sonho só meu, é de quem me acompanha e me ajuda a realizar.

A apresentação do pagodeiro, que diz ser grande fã do cantor americano, marcou o último show do projeto "Tardezinha", que virou série documental do Globoplay e estreia amanhã (15) na plataforma de streaming.

No total, serão quatro episódios, cada um com cerca de 30 minutos, que contarão desde a concepção do projeto até o "gran finale" que foi justamente o show inesquecível no estádio carioca.

Estou hiperfeliz por poder mostrar às pessoas não só esse dia fantástico da apresentação no Maracanã, mas por poder contar como surgiu a ideia. É legal para caramba ver o artista de que você gosta não só no palco. A 'Tardezinha' somou muito na minha vida.

O cantor diz que as gravações dos bastidores, mostrando sua intimidade e sua relação com o público, foram bem espontâneas.

A Benedita Zerbini e o João Pedro Januário [diretores] tiveram a sensibilidade de me deixar à vontade. Os momentos que estão no documentário são genuínos, não tem nada forçado.

O projeto "Tardezinha" foi idealizado pelo sócio e amigo de Thiaguinho, o ator Rafael Zulu, na metade de 2015.

À época, Thiaguinho era jurado no programa "SuperStar", da TV Globo, e passou a morar no Rio de Janeiro. Com isso, seus domingos à tarde ficavam livres.

O Zulu foi fundamental no projeto. Quando ele me sugeriu essa ideia de fazer um samba no domingo, não imaginava que ele voltaria com tudo formatado. Ele disse que o nome seria 'Tardezinha', que chamaria amigos, que eu poderia cantar o que quisesse. Só respondi: 'Ideia maneira, vamos testar'.

De início, o projeto duraria um mês. Mas foram quatro anos e 162 edições, que viajaram por 22 estados do Brasil.

Quem já foi numa "Tardezinha" sabe que o repertório é especial, com músicas de Só Pra Contrariar, Art Popular, Katingulê e outros tantos grupos de pagode que fizeram sucesso nos anos 1990.

São músicas do meu coração, que me formaram musicalmente. Ao mesmo tempo em que era diversão, era uma retribuição por tudo o que aprendi com esses caras.

Mesmo com muitas músicas pelas quais o cantor sente carinho, Thiaguinho tem uma especial: "Temporal", do Art Popular.

O pagodeiro diz que essa o emociona demais pela relação com o seu passado.

Foi a primeira música que cantei num palco. Tinha 12 anos e foi em frente à minha escola, com meu pai segurando o microfone. É até difícil explicar essa sensação. O Thiaguinho que cantou lá atrás era o mesmo cantando no Maracanã.

E, por falar em subir no palco, o cantor afirma que não vê a hora de voltar ao batente.

Sinto muita falta, não vejo a hora de as coisas voltarem ao normal —ou ao novo normal. Isso me faz falta demais. Assistindo ao show, mexe ainda mais comigo. Espero que em breve se resolva [a pandemia] e eu volte a trocar essa energia com o público, porque preciso disso.

Como falamos, o projeto era para durar um mês e durou quatro anos. O show do Maracanã marcou o fim do projeto —embora tenha havido uma edição especial no Réveillon. E a pergunta de dez entre dez fãs é: será que teremos um "remember"?

É cedo para falar em volta, tenho vários outros projetos também. Óbvio que a 'Tardezinha' tem um espaço no meu coração. Sei que o público já está com saudade, e eu também estou.

Amanhã, além da série, 20 músicas gravadas ao vivo, durante a apresentação do Maracanã, estarão disponíveis em todos as plataformas digitais. Segundo o Globoplay, ainda em outubro, as faixas serão disponibilizadas em vídeo, exclusivamente.