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Repórter da CNN abordado com fuzil pela PM afirma: 'Foi racismo, sim'

Jairo Nascimento, repórter da CNN  - Reprodução/Instagram
Jairo Nascimento, repórter da CNN Imagem: Reprodução/Instagram

Mari Monts

De Splash, em São Paulo

16/10/2020 11h30

Jairo Nascimento, repórter da CNN no Rio de Janeiro, foi abordado com um fuzil pela PM na segunda-feira (12), ao sair para uma pauta por volta das 5h30 da manhã. O jornalista estava no carro ao lado de dois colegas de trabalho, todos negros. Jairo relatou para Splash que a abordagem aconteceu a 30 metros da sede da CNN no Rio, no centro da cidade, e que considera a ação policial racista.

"Ouvimos uma viatura com a sirene ligada, pensamos que não era com a gente, mas eles continuaram", conta o jornalista. A equipe então desceu do carro, Jairo com o microfone da emissora, e o cinegrafista com a câmera em mãos:

Quando saí do carro, o PM apontou o fuzil para minha cara. E o outro policial apontou para o cinegrafista.

Jairo disse que naquele momento seu sentimento foi de impotência. O jornalista vê a abordagem como racista:

Eram três negros no carro. Não havia suspeição do veículo. Estávamos com vidros abertos, na velocidade permitida. Qual o critério, senão o racismo? Nenhum.

O jornalista ainda relata que o policial militar só abaixou o fuzil quando viu o microfone com o símbolo da CNN em sua mão. E a equipe foi liberada após Jairo questionar o PM se estava tudo bem e se poderia seguir seu trabalho.

Além dessa situação, Jairo conta que já havia sido abordado em uma blitz policial no Rio de Janeiro, inclusive com a mesma equipe da CNN: "Mas em nenhuma das vezes tive uma arma apontada". Jairo lamentou o ocorrido, mas diz que, infelizmente, é rotina para os negros no Brasil.

Racismo estrutural

Jairo foi em suas redes sociais relatar o que havia acontecido com ele e seus colegas na abordagem e aproveitou para explicar que o caso se trata de racismo estrutural. O jornalista disse que a escolha dos policiais se deu por causa da cor da pele das pessoas que estavam no veículo, e concluiu: "Nós, negros, não vamos mais aceitar esse tipo de situação".