Apreensão de material inédito de Renato Russo foi 'confusão', diz produtor
O produtor musical e pesquisador Marcelo Froes acordou ontem (26), às 6h, com a polícia batendo em sua porta. Agentes da Delegacia de Repressão aos Crimes Contra Propriedade Imaterial (DRCPIM) do Rio de Janeiro cumpriam mandados de busca e apreensão contra Froes por uma suposta ocultação de gravações inéditas do cantor Renato Russo (1960-1996), ex-vocalista da Legião Urbana.
Em entrevista a Splash, o produtor disse que tudo não passou de uma confusão que poderia ter sido resolvida com um telefonema.
O grande problema nessa história foi a falta de comunicação entre as pessoas, e a Justiça perde tempo com algo que não é de polícia, processo criminal. Não tinha nenhum crime, não tinha nenhum motivo para isso. Eu sou pesquisador e todos sabem que eu tenho um acervo do Renato e do Legião, é de conhecimento público.
Batizada de "Será?", em referência a um dos maiores sucessos da Legião Urbana, a operação desta segunda-feira apreendeu CDs, HDs e o celular do pesquisador na sua residência no Rio de Janeiro.
A investigação durou cerca de um ano e teve início após uma denúncia do filho e detentor dos direitos autorais do cantor, Giuliano Manfredini, que acionou a polícia após um perfil fake nas redes sociais citar que existiam obras inéditas de Renato Russo.
O produtor e pesquisador, alvo dos mandados, foi amigo de Renato Russo e produziu três trabalhos póstumos do cantor: "Renato Russo - Presente", "O Trovador Solitário" e "Duetos", este último lançado em 2010. Marcelo Froes também é dono da gravadora Discobertas, "especializada em reedições históricas, lançamento de raridades e resgates diversos".
Logo após a morte de Renato Russo, ele foi escolhido pela família e pelos integrantes da Legião Urbana para cuidar de todo o acervo. O trabalho se deu entre 2000 e 2010, e uma das funções era contatar gravadoras e estúdios onde Renato passou e caçar por raridades. O pesquisador conta há 10 não mexe no conteúdo e que não tem contato com Giuliano há mais de uma década.
Eu sabia melhor do que ninguém que existia material para se fazer conteúdo póstumo, mas esses projetos pararam porque rolam muitas animosidades entre as partes envolvidas. É claro que existe um material muito precioso e eu sempre deixei isso claro para todo mundo, sempre fomos provocados sobre isso. Mas, desde 2010, não mexo nesse acervo. Só vejo más notícias sobre isso, e a última delas bateu na minha porta.
Música inédita x Versões inéditas
Em entrevista após a operação, o delegado titular da DRCPIM, Mauricio Demétrio, explicou que um relatório apreendido apontava para 30 conteúdos inéditos do cantor.
"Foi feito um serviço, a pedido de uma gravadora, e há menções de canções e versões de canções inéditas. E a gente tem que confrontar dono do direito autoral, que é o filho do Renato Russo, para ver se ele tinha conhecimento desse material que está no caixa-forte de uma gravadora".
Froes disse que existe grande diferença entre músicas inéditas e versões inéditas. Segundo ele, o relatório em questão foi um pedido da gravadora EMI, no começo dos anos 2000, sobre o que ele havia encontrado durante sua pesquisa.
Tem uma grande confusão entre o que é música inédita e gravações inéditas. Gravações de uma música que você já conhece de uma forma diferente, num estúdio, ao vivo, durante um ensaio, não têm só 30, tem muito mais. Agora, músicas inéditas, que eu saiba, não existem. Nunca apareceu no meu levantamento. Se eu tivesse achado algo durante os meus anos de pesquisa, eu não teria aproveitado?
Em postagem no Facebook, o também produtor musical Carlos Trilha Muller reforçou que "o material inédito já foi totalmente espremido" e que ele foi o único a produzir os trabalhos musicais solos do Renato Russo.
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