Xuxa lança livro infantil com temática LGBTQIA+: 'Nunca larguei a bandeira'
Xuxa teve uma quarentena produtiva. Pouco mais de um mês após lançar a biografia, "Memórias", a apresentadora já tem um novo livro. "Maya - Bebê Arco-Íris" (Globinho), é uma historinha infantil sobre uma menina que está no céu aguardando a família ideal para descer à Terra.
A ideia de escrever o livro surgiu esse ano mesmo, durante o isolamento, quando Xuxa hospedou por quatro meses um casal de amigas, Vanessa e Fabi, e a filha delas, Maya, que é também sua afilhada. A apresentadora conhece Vanessa Alves desde a época do "Xou da Xuxa" e conta a história delas a Splash.
Vavá era uma adolescente que ia ao programa acompanhando crianças com necessidades especiais. Muito carinhosa, não demorou para virar minha amiga. Com o tempo passou a trabalhar na produção, foi também palhacinha do Xuxa Park, Ratinha Rosa do XSPB e autora de 95% das minhas músicas para crianças.
O diferencial fica por conta da família formada por duas mulheres e a filha, trazendo a temática LBTQIA+ também para o universo dos livros infantis. Na história de Maya, Xuxa mostra como as crianças nascem puras e livres de qualquer tipo de preconceito.
Feito em família, "Maya - Bebê Arco-íris" ainda chega com uma canção inédita interpretada por Xuxa, escrita por Vanessa Alves, mãe de Maya, e musicada por Junno Andrade, parceiro da apresentadora. A música pode ser ouvida através de um QR Code impresso na última página do livro.
Só quero que as crianças, através de seus pais, entendam que DEUS é amor.
Antes mesmo de lançar "Maya - Bebê Arco-íris", Xuxa já foi alvo de críticas e se viu envolvida em uma campanha com outras famosas contra os ataques. Para ela, que sempre andou lado a lado com o público LGBTQIA+, o livro é apenas uma consequência de sua militância de anos.
Não estou abraçando essa bandeira agora: eu simplesmente nunca a larguei. Xuxa sobre apoio ao público LGBTQIA+
Xuxa também se adianta sobre possíveis críticas ao escrever uma história que não seria seu lugar de fala como uma mulher heterossexual.
Você não precisa ser homossexual para ser contra a homofobia e nós [héteros] NUNCA saberemos o que eles passam em suas vidas com tanto preconceito e ódio.
Um ódio que ela também vem sentindo na pele nos últimos meses. A mudança de postura de Xuxa em relação ao filme "Amor Estranho Amor", antes tratado como um tabu, tem incomodado ainda mais quem sempre usou o filme para atacá-la.
Sofro até hoje: políticos, religiosos e pessoas que só tem ódio no coração me criticam e acham que para me ofender devem me chamar de pedófila por causa do filme que fiz há quase 40 anos.
Depois de anos barrando a exibição do filme, Xuxa hoje estimula que as pessoas assistam e entendam o contexto.
É uma ficção na qual eu interpretava a personagem de uma menina de 15 anos vendida para um prostíbulo para ser vendida a um político. Não é a minha realidade, mas a de muitas meninas e meninos no Brasil.
Mesmo com tantas críticas e agressões, Xuxa não se cala. E garante que quem ainda hoje a chama de pedófila sofrerá as consequências. "Nada que um bom advogado não faça eles repensarem."
Sou agredida por existir e por não falar o que eles querem que eu fale. Sou criticada por não acreditar no Deus deles e sim num Deus que é amor.
Xuxa segue trabalhando e não desanima. Aos 57 anos, a apresentadora está cheia de planos. Com a já anunciada saída da Record e uma reaproximação com a Globo, confirmada com a longa entrevista dela exibida no Fantástico, 2021 reserva novidades aos fãs da Rainha dos Baixinhos.
Algumas coisas foram guardadas - e não arquivadas - para serem executadas em 2021 e outras com certeza precisaram desse ano sabático pra sair do papel e ir para as mãos de profissionais muito competentes.
Mesmo com um 2020 completamente fora do comum, o balanço é positivo. Xuxa sente que pode ajudar de sua maneira. Assim como em seu livro de memórias, Xuxa doará todos os royalties de "Maya - Bebê Arco-íris" para a Aldeia Nissi (Angola) e para santuários de animais resgatados de maus-tratos no Brasil.
Antes de dormir, muitas vezes peço a Deus para me mostrar o caminho para que possa ajudar as pessoas. Com a pandemia, pensei e tentei fazer mais.
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