Nem vitória no STF faz Netflix falar sobre especial do Porta dos Fundos
A Netflix continua não falando sobre os especiais do Porta dos Fundos: isso não mudou mesmo após obter vitória no STF (Supremo Tribunal Federal) ontem —a corte decidiu, por unanimidade, que o "Especial de Natal Porta dos Fundos: A Primeira Tentação de Cristo" pode continuar no ar.
Procurada por Splash antes e depois do julgamento, a Netflix disse que não fará qualquer comentário novo, tampouco comemorou a vitória no Supremo. Seu último posicionamento público sobre o caso foi divulgado em janeiro, quando tratou como "censura" a discussão de tirar o especial do ar.
Em setembro, o colunista Mauricio Stycer, de Splash, publicou que a Netflix abriu mão de inscrever o Especial de Natal de 2019 para concorrer ao Emmy Internacional. No ano passado, a produção ganhou o prêmio de melhor comédia com o material de 2018 ("Se Beber, Não Ceie").
Até agora, a Netflix não explicou a decisão de não inscrever o conteúdo de 2019.
A questão é que a vitória no STF não anula o desgaste sofrido pela Netflix com o caso.
Além de batalhas judiciais no Brasil, a empresa lidou com petições no exterior que pregavam boicote à plataforma por causa do especial. A sede do Porta dos Fundos no Rio de Janeiro até sofreu ataque com bombas.
Juridicamente, a Netflix levou sua reclamação até o Supremo e insistiu para manter o conteúdo no ar; a empresa se viu amparada pela liberdade de expressão e brigou até o fim nos tribunais, liderada pelo advogado Gustavo Binenbojm.
Mas, ao mesmo tempo, fica claro que o assunto traumatizou a Netflix.
Toda esta montanha-russa influenciou a decisão de romper a parceria para o próximo Natal, e é por isso que o futuro especial do Porta dos Fundos não será exibido pela Netflix em 2020. Ou seja, tecnicamente, o "silêncio" da empresa soa como "isso não é mais assunto meu".
De acordo com o colunista Fefito, de Splash, a produtora Porta dos Fundos procura uma nova casa para o projeto e negocia com a Amazon.
Obra de ficção humorística, o especial de 2019 retrata Jesus como homossexual e foi alvo de críticas de setores religiosos da sociedade, que consideraram desonrosa a associação de Cristo com a comunidade LGBTQ+.
Trata-se de humor ficcional para levar reflexão sobre a homossexualidade diante das grandes religiões. Se alguma verdade foi revelada, foi o sentimento discriminatório e homofóbico de quem acha que comparar Cristo a um homossexual é uma comparação com condição inferior.
Gustavo Binenbojm, advogado
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