Boris Casoy explica briga com Record: 'Não voltaria por dinheiro algum'
Boris Casoy passou por algumas das principais emissoras de TV do país e voltaria a trabalhar em todas elas, exceto em uma: a Record TV. A Splash, o apresentador, que acaba de se lançar como youtuber, explicou:
Se eu fosse convidado para voltar para a Rede TV!, a Band, ou o SBT, eu voltaria. Para a Record não voltaria por dinheiro nenhum. O comportamento da Record comigo não foi correto. Não tenho confiança. [A emissora] Não quis me pagar o que estava escrito no contrato.
Incêndio no estúdio do "Jornal da Record" com Boris Casoy
Casoy teve o contrato rescindido pela Record no fim de 2005, após oito anos no canal. Ele apresentava o "Jornal da Record", o principal noticiário da emissora. O jornalista entrou na Justiça, e o processo foi encerrado após acordo. Procurada, a Record não se manifestou.
De quanto foi a bolada, Boris?
Você quer que eu seja assaltado? Foi uma bela grana. Propuseram o acordo —que foi o que eu ganharia, mas dividido em 15 vezes— e pagaram religiosamente.
Por outro lado...
O mesmo não pode ser dito em relação à saída da Rede TV!, em setembro, após meses de afastamento por conta da pandemia. Ele explica que deixou o canal pela porta da frente e compreende o que motivou sua dispensa.
Não tive nenhum problema. Eu me considero 'persona grata'. Era algo que eu imaginava que pudesse acontecer e tudo bem. Alegaram dificuldade de pagar uma equipe que não está trabalhando. Faz sentido. Foi com muita delicadeza, educação. Tudo muito civilizado. Me pagaram tudo. Não tenho nenhuma queixa.
Sem rabo preso
Casoy não tem problema em opinar sobre qualquer assunto —mesmo quando se trata de política. Assim foi na rádio, no impresso, nos telejornais por onda passou e agora no YouTube, onde faz sua estreia.
Na minha vida atingi independência financeira. Se uma emissora, ou um jornal não tem independência financeira, fica difícil manter independência política. Eu sou dono do meu nariz. Falo o que eu quiser do Bolsonaro. Não tenho vínculo e não tenho medo.
O que ele pensa, então, do presidente Jair Bolsonaro?
Acho ele um homem explosivo, o que é um defeito político. Esse desejo de se reeleger atrapalha o governo. Algumas áreas vão mal, e eu não gosto: cultura e relações exteriores. São duas áreas que não precisavam obedecer a nenhum tipo de extremismo ideológico.
Apesar da crítica, o jornalista diz que o presidente recebeu uma "herança maldita" —referindo-se aos anos do PT no poder, com Luiz Inácio Lula da Silva e Dilma Rousseff. Em seu ponto de vista, a pandemia piorou o cenário.
Bolsonaro lida como ele pode, mas não precisava trocar tanto ministro da saúde. Não era o momento. Mas nem tudo é preto nem tudo é branco em política. Tem zonas cinzentas. Desejo que ele faça um ótimo governo, pois seremos beneficiados. Se fracassar, embarcaremos juntos.
O jornalista enfatiza que não torce contra o governo —o que não o impede de analisar as decisões que partem de dentro do Palácio do Planalto:
"Acho que há movimentos do governo que chegam na fronteira para ultrapassar os limites democráticos. Isso não é bom, mas tem coisas boas também".
Boris Casoy sobre o politicamente correto
O dono do bordão "isto é uma vergonha!" acompanhou momentos históricos, a exemplo do regime militar e do impeachment do ex-presidente Fernando Collor de Melo. Se já sofreu censura? Ele afirma:
"Claro que aconteceu. Quem viveu naquela época [do regime militar] foi censurado. Fora essa época, não".
Nunca é tarde para ser youtuber
Com tanta experiência na bagagem, ainda restava uma que somente perto dos 80 anos ele conseguiu realizar: tornar-se youtuber.
"Vi a internet nascer no Brasil. Era a única plataforma na qual eu não tinha trabalhado. Queria experimentar."
Vivo de desafios. É um elixir de juventude que estou tomando. Só vou parar dentro do caixão —e mesmo se der eu me mexo.
Boris Casoy, jornalista e youtuber
No YouTube, Casoy não tem uma equipe de repórteres nem trabalha de uma redação, mas faz o mais gosta: comentar as notícias do dia. A influência vem do radialista Vicente Leporace (1912 - 1978).
Importei essa fórmula que o jornalista Leporace tinha na rádio Bandeirantes. Ele lia apenas um jornal, o preferido dele, e comentava as notícias. Jornalismo é jornalismo em qualquer plataforma.
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