Os jovens roqueiros cariocas dos anos 2000 já estão tiozões: 'Outra cabeça'
Lá no começo dos anos 2000, o Rio de Janeiro viu uns moleques criarem umas bandas de rock que começaram em "garagens" de bairros de classe média e foram parar até no Faustão. Como não lembrar de Dibob, Forfun, Scracho?
Inspirados na onda do hardcore californiano e em bandas como NOFX, Face to Face, Bad Religion, entre outras, os jovens cariocas falavam sobre o que viviam. O som de tinha uma vibe paz e amor, a galera do surfe, os "pegadores", quase nada de política e uma pitada de maconha.
Splash conversou com integrantes de bandas como Scracho, Dibob, Forfun e Darvin para contar um pouco daquela época e mostrar como aqueles garotos de ontem são os pais de família de hoje —inclusive com ideias diferentes.
Quando era tudo mato, a internet ajudou.
Quem "capinou" o terreno para o que viria se tornar uma cena foi a banda Darvin, a única que nasceu antes da virada dos anos 2000. Além dos gringos, a turma carioca se inspirava em brasileiros como Dead Fish e CPM 22.
Nós pegamos uma espécie de transição dos anos 1990 para os 2000, com bandas aqui do Rio de Janeiro como Planet Hemp, o Rappa e Los Hermanos já consagradas.
Thiago, vocalista do Darvin
Com as bandas surgindo, os principais meios de divulgação eram os saraus pelos colégios do Rio de Janeiro e a internet.
Segundo Caio Correa, do Scracho, com o boom dos blogs e sites especializados, além da chegada do MP3, ficou mais fácil compartilhar aquilo que geral estava ouvindo.
Lembro que a gente até criava algumas contas 'fakes' para elogiar o trabalho e um apresentar a banda do outro. O som do Scracho era parecido com o do Dibob, Forfun, Darvin. Como era a época de compartilhar música por MP3, acho que o sucesso de um foi ajudando o todo.
Caio Correa, do Scracho
Outra cabeça, outros tempos
Com 20 e poucos anos na época, os jovens daquelas bandas rodaram o Brasil. Mas, de lá para cá, muita coisa mudou.
Alguns viraram pais de família, muitos continuaram na música, mas boa parte já não tem aquelas ideias que cantavam nos palcos por aí. No caso do Dibob, por exemplo, os integrantes "passaram a limpo" algumas letras consideradas machistas.
Conversamos e percebemos que não tinha mais sentido cantar algumas coisas que eram claramente machistas. Nos shows, não cantamos mais certos trechos. Não posso falar que me arrependo, eu era um moleque na época. Com a cabeça de hoje, sei que é ofensivo.
Dedeco, vocalista do Dibob
Jovens que quase recusaram o Faustão
Com o tempo, a coisa foi ficando séria e a cena formada no RJ começou a chamar atenção de grandes gravadoras. Scracho e Darvin assinaram com a EMI (que foi vendida e hoje é parte da Universal) e o Dibob fechou com a BMG (hoje Sony Music) e depois com a Som Livre.
Um dos pontos altos da da cena foi o convite do Dibob para tocar no Faustão, uma das principais atrações da TV aberta do país, o sonho de muito artista. Mas os garotos cariocas cogitaram dizer não para o convite.
Quando recebemos o convite, o pessoal não quis aceitar. Eu sou primo da Malu Mader e o pessoal achou que era só por isso que estávamos indo no Faustão. Eu achei aquilo uma loucura, o nosso som era conhecido, não era brincadeira. No final, o pessoal topou.
Pedro, baterista do Dibob
Se o Dibob era a galera mais maluca, nos bastidores, Forfun e Scracho tinham a fama de bandas mais "sérias". Mas, segundo os próprios integrantes daquela cena, o parâmetro não era alto.
Pô, eu fico surpreso de a galera pensar assim [risos]. Mas a gente era um pouco mais cabeça mesmo, sempre pensávamos num futuro, no que queríamos dentro de 5, 10 anos, sem perder nossa essência de moleque mesmo.
Vitor, ex-guitarrista do Forfun
A amizade continua
Sabe aquela amizade de escola, que você mantém em grupo de zap e, volta e meia, encontra por aí? Dibob, Scracho, Forfun e Darvin estão na mesma. A amizade continua, mas o tempo criou uma distância natural.
Cansamos de fazer shows juntos, viajar pelo Brasil. Nós vivemos intensamente aquela época, todo mundo molecão. O tempo passou e a vida foi dando rumos diferentes para cada um.
Thiago, vocalista do Darvin
Das bandas com que falamos, apenas o Darvin segue em plena atividade. Dibob e Scracho estão em hiato, mas volta em meia fazem shows (não tão) esporádicos. O Forfun encerrou os trabalhos em 2016.
O Forfun era formado por Danilo, Nicholas, Vitor e Rodrigo. Os três primeiro citados hoje integram a banda Braza, e Rodrigo segue carreira solo.
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