Com Diana e Thatcher, 'The Crown' tem sua temporada mais escandalosa
Por três temporadas, "The Crown" adotou um tom delicado, muitas vezes reverente, para fazer uma investigação sobre o poder e suas consequências em uma família que precisa ser, antes de tudo, um ideal.
Mas na quarta temporada, que estreia neste domingo (15) na Netflix, a reverência cede boa parte de seu espaço para o escândalo —e isso está longe de ser algo ruim. A série continua ótima, ainda que (um pouco) diferente.
Cobrindo um período que vai de 1979 a 1990, a série de Peter Morgan ganha uma nova energia com a chegada de Diana (Emma Corrin), um dos membros mais amados da família real, e Margaret Thatcher. A controversa primeira-ministra é vivida por Gillian Anderson ("Arquivo X"), com quem conversamos.
As duas tomam um pouco do protagonismo de Elizabeth II (Olivia Colman) e acabam, cada uma a sua maneira, expondo lados não tão bonitos da família real, de uma forma muito mais direta em comparação ao que a série havia feito até agora.
Diana, em sua jornada de adolescente a princesa presa em um casamento infeliz com Charles (Josh O'Connor), é tratada com frieza por ele e por sua nova família —e Morgan não tem vergonha nenhuma em colocá-lo bem perto do posto de vilão da série.
Já Thatcher, de origem simples, tem um doloroso choque de costumes ao ser convidada para passar uma temporada com a monarca na residência de Balmoral. E as desavenças entre ela e a rainha beiram o insustentável, levando Elizabeth a tomar providências que fogem de seu papel.
Ao mesmo tempo, porém, a presença das duas novas personagens ajuda a humanizar ainda mais Elizabeth: a rainha mostra uma nova faceta política e se vê questionando como sua própria devoção à Coroa afetou aqueles ao seu redor.
Os figurinos
Vale notar, também, a atenção aos figurinos. Sempre um dos pontos altos da série, desta vez eles chamam a atenção pelo impressionante trabalho de reconstituição de algumas peças inesquecíveis, como o vestido de casamento usado por Diana.
Que elenco!
O elenco da série continua ótimo: Olivia Colman, se despedindo de Elizabeth, brilha especialmente nas tiradas ácidas da monarca. Já Josh O'Connor se destaca ao conseguir dar profundidade a um personagem que poderia ter se tornado uma caricatura.
Entre as novatas, Emma Corrin consegue captar incrivelmente bem o carisma de Lady Di e seus momentos de dor, enquanto Gillian Anderson impressiona pelo trabalho de voz e de movimentos que fez para encarnar a ex-primeira-ministra.
Vale a pena?
Muito. "The Crown" continua excelente, e consegue equilibrar bem os aspectos mais escandalosos de sua história com um roteiro bem elaborado que consegue atrair os que já conhecem a história real e a nova geração que vai conhecê-la agora.
Pela quantidade de grandes acontecimentos, a temporada acaba tendo um ritmo muito mais rápido do que as anteriores e sendo um pouco mais "maratonável" —mas isso não quer dizer que ela tenha ficado mais descuidada.
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