História de Michael Fagan mostra que 'The Crown' nem sempre é fiel a fatos
De Splash, em São Paulo
14/11/2020 04h00
Várias histórias de "The Crown" são fieis à realidade (até nas roupas), mas a série também toma liberdades criativas para incorporar outras tramas da família real britânica. A quarta temporada, que estreia amanhã na Netflix e já foi vista por Splash, tem um exemplo claro: o caso de Michael Fagan.
O quinto episódio mostra a história do homem desempregado (interpretado por Tom Brooke) que invadiu duas vezes o Palácio de Buckingham, em 1982, e entrou no quarto da rainha Elizabeth II para tentar desabafar com ela.
Sim, isso aconteceu. Mas não exatamente como a Netflix conta.
Em entrevistas a jornais britânicos nos últimos anos, o próprio Fagan afirmou que seu encontro com a rainha na vida real foi muito rápido: ela levou um susto, perguntou o que ele estava fazendo em seu quarto e, pouco depois, saiu correndo de pés descalços para chamar os seguranças.
Ela passou por mim e saiu correndo do quarto, com seus pézinhos descalços correndo pelo piso.
- Fagan em entrevista ao jornal Independent em 2012
Em "The Crown", ele e Elizabeth conversam sobre o governo de Margaret Thatcher.
A cena pode surpreender o público e criar uma imagem de empatia para a rainha, como se ela tivesse sido um ombro amigo para um estranho que simplesmente acordou (e quase matou de susto) uma monarca de camisola.
Agora, Michael diz que não foi entrevistado pela equipe da série.
"The Crown" parece ter focado nas especulações que os jornais da época fizeram sobre uma suposta conversa entre ele e Elizabeth. Como ele foi detido e submetido a avaliação psiquiátrica, as reportagens iniciais não tinham seu relato.
Ainda assim, algumas verdades divertidas foram retratadas por "The Crown": na primeira invasão —na qual não achou a rainha, que estava em Windsor—, ele diz que realmente se sentou no trono e bebeu meia garrafa de vinho. E mais: Fagan comeu bolachas com queijo cheddar do Palácio.
Depois da invasão, Fagan foi colocado em uma instituição psiquiátrica, mas não foi para a cadeia porque, na época, invadir o Palácio não era crime. Porém, a partir de 1997, ele passou quatro anos preso sob acusação de conspirar para conseguir heroína com a mulher e o filho de 20 anos.