'The Crown' omitiu fato importante na trajetória de Margaret Thatcher
De Splash, em São Paulo
17/11/2020 04h00
"The Crown" tinha um desafio e tanto na sua quarta temporada: dar o devido espaço às figuras da princesa Diana (Emma Corrin) e da primeira-ministra Margaret Thatcher (Gillian Anderson).
ALERTA DE SPOILER
Embora estejamos tratando de eventos da vida real que inspiraram a série, vale lembrar que a retratação ou não deles na trama pode estragar sua experiência.
A série se deu bem nisso, mas teve de deixar muito de fora, sendo a maior exceção uma tentativa de assassinato contra a Dama de Ferro.
O que aconteceu?
Às 2h54 do dia 12 de outubro de 1984, uma bomba explodiu no Grand Hotel de Brighton, onde Thatcher, seus ministros e membros do partido Conservador estavam hospedados para uma conferência.
A premiê, que estava acordada na hora, conseguiu escapar com seu marido, assim como seus ministros. Mas, ao total, cinco pessoas morreram e 31 ficaram feridas.
O IRA (Exército Republicano Irlandês) reivindicou o atentado, e Thatcher falou sobre ele horas depois, na conferência —que se manteve por insistência dela, segundo a BBC.
Este ataque falhou. Todas as tentativas de destruir a democracia por terrorismo irão falhar.
Patrick Magee, o responsável pelo atentado, havia plantado a bomba no hotel quase um mês antes da conferência. Ele foi condenado e passou 14 anos na prisão.
De acordo com o biógrafo John Campbell, a força exibida por Thatcher após o atentado fez sua popularidade aumentar da mesma forma que havia acontecido na época da Guerra das Malvinas.
E isso nos leva a um outro ponto de "The Crown", que neste caso borrou os limites entre realidade e ficção.
Guerra x desaparecimento
No episódio 4 da quarta temporada, Thatcher surge lidando com graves problemas em duas frentes: a crescente tensão nas Ilhas Malvinas, disputadas pelo governo argentino, e o desaparecimento de seu filho, Mark, que sumiu enquanto participava do rali Paris-Dakar.
Na vida real, no entanto, as situações não aconteceram simultaneamente. O filho da primeira-ministra foi dado como desaparecido em 12 de janeiro de 1982, e os eventos da guerra retratados na série só começaram em abril daquele ano.
Mas o restante do drama de Thatcher com o filho é fiel à realidade —e o rapaz era, de fato, tido como o filho favorito da premiê, e foi encontrado dois dias depois, 50 km fora do curso.
E fica uma curiosidade: o jantar de comemoração do resgate, em um hotel na Argélia, resultou em uma conta pra lá de alta —com 4 mil dinares só em bebida. A conta foi enviada para a embaixada britânica, e acabou paga por Thatcher.
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Contamos o que é verdade e o que é ficção no relacionamento de Diana e Charles (Josh O'Connor) e você pode ler ainda nossas entrevistas com os atores que fazem o casal e com a atriz Gillian Anderson. Ah, e ainda comparamos alguns looks da série com os da vida real!