CCXP se esforça para não passar batida em 2020, mas fica longe de ser épica
De Splash, em São Paulo
07/12/2020 04h00
São duas coisas que tornam a CCXP épica: anúncios surpreendentes que reverberam no mundo inteiro e um evento massivo onde fãs de cultura pop se reúnem.
Com a pandemia do novo coronavírus, 2020 acabou tirando estes dois pilares fundamentais dessa aglomeração nerd que aprendemos a amar desde 2014.
A CCXP Worlds foi a saída para a adaptação em tempos de quarentena: três dias de eventos ao vivo numa plataforma visualmente atrativa: um belíssimo mapa 3D com muitas referências aos jogos estilo Moba (multiplayer online battle arena), tipo "League of Legends".
Mas ficou por aí mesmo.
Em um ano onde a indústria do entretenimento também puxou o freio de mão, os estúdios não tinham tantas novidades para contar. Acabamos com entrevistas pouco reveladoras e quase nenhum anúncio impactante.
A aglomeração ensurdecedora do Palco Thunder com quase três mil vozes gritando deu lugar a um chat, muitas vezes desanimado, e até falando sobre outros assuntos.
É uma comparação injusta, mas já tivemos Tom Holland e Jake Gyllenhaal de surpresa em 2018.
Na CCXP Worlds tivemos de surpresa um vídeo da Neve Campbell anunciando o lançamento de 'Pânico 5'.
Legal.
Épico? Nem tanto.
Mas faltaram novidades mesmo. Podia ter sido só um dia de evento.
Na maior parte do tempo sentimos que estávamos vendo entrevistas genéricas e conteúdo que estava guardado. Mesmo no painel gigante da Warner.
Golaço: Fancam
A falta do público faz muita falta quando falamos em CCXP. Mas a ideia da Fancam deu certo. A ideia de colocar um mosaico com o público assistindo e estimular os fãs a mostrarem itens ou exibirem seus cosplays rendeu momentos interessantes para dar outro clima para as lives.
"Aperta o F5"
O primeiro dia foi o mais sofrido em questões técnicas. Muitas lives apresentaram problemas. Nas redes sociais e no chat da transmissão, muitas pessoas reclamavam da temida "tela preta", quando a live não era carregada.
Legendas e horários
O sistema de legendas não era dos mais confiáveis. Mesmo nas entrevistas gravadas de maneira prévia, o sistema de closed caption era gerado com um atraso considerável.
Outra questão foi dos horários, que mudavam sem aviso prévio na programação.
Infelizmente, alguns painéis precisaram ter seus horários alterados. O público foi comunicado sobre todas as mudanças pela programação oficial no site e, em alguns casos, também nas redes sociais do festival.
Essa é a resposta da assessoria de imprensa sobre as alterações.
Mas foi melhor que "concorrentes"
Temos que admitir: a CCXP Worlds é, até agora, a experiência mais bem-sucedida de convenção de fãs.
Ela ficou muito à frente da San Diego Comic-Con, que parecia ter vindo direto dos anos 1990, e também acertou ao oferecer mais conteúdo do que o DC Fandome.
A página principal da CCXP Worlds foi um golaço. Mas só.
Dito isso, faltaram algumas coisas para a experiência ficar mais próxima da presencial, a começar pelas "atrações" dos estúdios, cujos estandes costumam atrair filas enormes. Este ano, só o Amazon Prime Video, a AMC e o Globoplay ofereceram atividades como games e filtros para engajar os fãs.
Também dá para melhorar nas lojinhas que tanto amamos. Faltou padronização, e enquanto algumas estavam muito acessíveis, outras não tinham sequer um link clicável para seus próprios espaços.
Pior para eles, né?
A vantagem foi não precisar passar pelos corredores físicos cheios de produtos atraentes até para quem nem é tão nerd assim. O bolso de quem evitou o Geek Hall saiu ileso. Dessa vez tivemos a opção de evitar lembranças de uma CCXP esquecível.
Renata Nogueira, repórter de Splash
Valeu o esforço da CCXP Worlds para não passar 2020 sem o evento, mas a expectativa criada jamais seria atingida em um ano tão difícil e com tão poucas novidades no mundo do entretenimento.
A esperança é que não precisemos pensar em melhorias, mas sim voltar à lotada SP Expo em 2021. Tomara!
** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL