Bombado entre celebs, Papatinho revela 'segredos' de Anitta e Black Alien
De Splash, em São Paulo
17/12/2020 04h00
O ano de 2020 não foi fácil para ninguém. A pandemia do novo coronavírus deixou o mundo de cabeça para baixo. O produtor Papatinho conseguiu driblar um pouco essa situação e deixou sua marca em vários trabalhos: 49, mais precisamente.
Direto das terras cariocas, ele conversou com Splash sobre como foi fazer música em 2020 e se conseguiu cumprir aquilo que planejou no começo do ano.
Mesmo com todo esse material, Papatinho não estava muito satisfeito. Mas o motivo é nobre: em 2019, o produtor lançou as brabas.
Na verdade, eu vim de um ano muito bom. Lancei meu projeto como artista solo, produzi álbum do Black Alien, da Anitta. 2020 prometia muita coisa. Eu comecei o ano cheio de planos, fiquei assustado um pouco, em março. Mas estou feliz com o que fiz, apesar de tudo.
Papatinho.
E para 2021 o plano é certo: lançar seu primeiro álbum solo, "Workaholic", que ainda não tem previsão para chegar nas pistas.
Produtor das estrelas
A lista de artistas que já passaram pelas mãos do produtor é bem grande. Tem Marcelo D2, Gabriel O Pensador, Criolo e outros.
Mas dois nomes merecem destaque: Anitta e Black Alien.
A primeira gravou alguns trabalhos, como "Onda Diferente", na pegada do funk 150 BPM, e "Tá com Papato", um trap.
A patroa tem em Papatinho um "escolhido" quando o assunto é funk e/ou trap. Mas o produtor diz que trabalhar com Anitta exige um bom jogo de cintura --que, para ele, nem é um problema.
Ela tem muita visão e gosta de trabalhar com pessoas competentes, não tem paciência para explicar, quer ser surpreendida. A Anitta tem uma visão muito boa do que o público vai gostar. Ela é perfeccionista, quer as coisas na hora, igual a mim (risos). É muito maneiro trabalhar com ela.
No caso de Gustavo Black Alien, a relação é ainda mais próxima. Após passar um período em reabilitação por causa do vício em drogas, o rapper entrou em contato com Papatinho para preparar o terceiro disco da sua carreira.
Depois de "Babylon By Gus - Vol. I" (2004) e "Babylon By Gus - Vol. II" (2015), Gustavo queria um nome diferente, que indicasse um recomeço neste terceiro projeto. Nascia o "Abaixo de Zero", álbum superelogiado pela crítica e vencedor do prêmio Multishow de Álbum do Ano em 2019.
Não era começar do zero, era abaixo de zero. Ficamos meses no estúdio e foi muito maneiro. Ele tem um método: se tranca, pega todas as folhas de rimas que tem e bota uma página do lado da outra. Vai selecionando, fazendo novas anotação com novas rimas. É um quebra-cabeça.
Selo de qualidade
Papatinho diz que sempre gostou de música —principalmente rap—, mas nunca foi um fissurado. Na escola, ele era "o cara" por fazer as playlists e entregar um CD só com as mais top do momento.
Seu primeiro contato com a produção foi com o grupo Cone Crew Diretoria. Você que foi adolescente na virada para os anos 2010 sabe de quem eu estou falando.
Sou autodidata. Tem gente que pensa: "o Papatinho é filho de pianista, cheio de disco em casa". Pelo contrário, entrei na música de paraquedas. Na Cone éramos seis personalidades diferentes. O estúdio não é só o beat, é toda a forma de lidar com o artista. Essa vivência eu aprendi com a Cone Crew.
'A tag'
Consolidado no meio musical, ter o nome do Papatinho na produção passou a ser uma etiqueta de qualidade. E para marcar seus trabalhos, o produtor tem um carimbo especial, com a marca só do Snoop Dogg. Tá bom de açúcar?
A princípio fugi disso. Passei a usar o latido do meu cachorro, era algo bem suave, de 2016 a 2019. Minha marca tava ali. Senti a necessidade de ter o meu nome. Não achava nada muito interessante até o Snoop gravar. A galera hoje pede a tag. Ajuda muito os produtores, eu estava errado.
Fase 'empresário'
Papatinho tem o seu próprio estúdio/selo, a Papatunes. Trabalhando com um revelador de novos talentos, ele foi um dos responsáveis pela descoberta do rapper L7NNON, um dos principais nomes da cena atual e que recentemente lançou o álbum "Hip-Hop Rare".
Com a experiência e estrutura que tenho, devo fazer mais pela música, pelos artistas. Trabalho com sonhos. Acredito no artista. Não posso garantir que vai dar certo, mas vou dar o meu melhor. E quando acontece, é gratificante. Quando vejo o L7NNON, por exemplo, é muito legal.