Fim do cinema? 'Mulher-Maravilha 1984' mostra poder e problema do streaming
De Splash, em São Paulo
07/01/2021 04h00
Conquistar o assinante é o 1º passo, é claro, mas ele só fica se houver boas novidades a cada mês.
E é com retenção de público que uma plataforma mede seu sucesso. Esta reflexão foi levantada pelo site The Verge, que se baseou em dados publicados pelas empresas de pesquisa Antenna e Screen Engine.
De acordo com as pesquisas, "Mulher-Maravilha 1984" e o musical "Hamilton" foram os títulos que mais atraíram assinantes a HBO Max e Disney+, respectivamente, em 2020. Isso tem tudo para empolgar a indústria do cinema, pois mostra que pode ser vantajoso investir em superproduções para o streaming.
Mas os mesmos relatórios mostraram informações que devem dar dor de cabeça.
Um quarto do público que assinou o Disney+ para ver "Hamilton" cancelou a inscrição um mês depois —os lançamentos seguintes não o seguraram. Três meses depois, menos de 60% deste grupo continuava pagando pelo serviço.
Isso mostra que o público atraído por estes títulos optou pela assinatura mensal, mas a meta de Disney+, Netflix, HBO Max, Amazon Prime Video e de qualquer outra plataforma é comprometer o público por mais tempo. Vínculos mais longos, como a assinatura anual ou semestral, dão lucro no longo prazo.
O HBO Max foi ainda mais ousado:
O anúncio de que todos os filmes da Warner de 2021 serão lançados simultaneamente nos cinemas e na plataforma é um argumento interessante para convencer os assinantes a se comprometerem pelo ano todo. É como se a empresa dissesse "fica, vai ter bolo".
Por enquanto, isso não se aplica ao Brasil —no nosso país, apesar da pandemia do novo coronavírus e dos números crescentes de casos e mortes, "Mulher-Maravilha 1984" foi lançado só nos cinemas. O HBO Max deve chegar por aqui neste ano, e aí vamos descobrir se a Warner terá estratégias parecidas.
Mas se o streaming tiver sucesso, o cinema vai acabar?
Esta é a previsão apocalíptica que apavora muita gente: temos medo de perder o hobby que nós tanto amamos. O streaming deve mudar a forma como consumimos a sétima arte, mas é improvável que "mate" o cinema tão cedo.