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'BBB' paga R$ 1,5 milhão há 11 anos, mas inflação 'diminuiu' muito o prêmio

Montagem com logo do BBB e "chuva" de dólares UOL

De Splash, em São Paulo

19/01/2021 12h00

Todo começo de ano é a mesma coisa: a Globo começa a divulgar uma nova temporada do "Big Brother Brasil" e alardeia o prêmio de R$ 1,5 milhão. Mas a quantia oferecida ao vencedor é a mesma desde 2010 e perdeu valor por não ter acompanhado a inflação.

Se a Globo corrigisse o valor de acordo com a calculadora do IPCA (o índice nacional e padrão de preços da economia), que indica inflação de 84,27% desde janeiro de 2010, o prêmio atualmente deveria ser de R$ 2,764 milhões.

Imagem: reprodução/Banco Central do Brasil
Como a inflação é a medição dos preços de uma cesta de produtos do consumo das famílias brasileiras, pode-se dizer que o prêmio do 'BBB' perdeu valor ou perdeu poder de compra.
Paula Zogbi, especialista da Rico Investimentos

Ou seja, itens que um brasileiro podia comprar com R$ 1,5 milhão em 2010 só poderiam ser adquiridos hoje em dia com quase o dobro de dinheiro.

Este cálculo de Splash foi confirmado pela especialista Paula Zogbi, da Rico Investimentos, e pela economista Gabriela Chaves, colunista do UOL Economia.

Imagem: montagem com foto de John W Banagan/royalty free/Getty Images

Este é o maior período sem reajuste na história do "BBB", que pagou R$ 500 mil de 2002 a 2004, R$ 1 milhão de 2005 a 2009, e começou a pagar R$ 1,5 milhão em 2010.

Considerando a inflação e o atual poder de compra da nossa moeda, o valor deveria ser maior em 2021?

Pensando na inflação, sim, essa correção deveria ser feita para garantir um prêmio que tenha um poder de compra maior. Em 2021, R$ 1,5 milhão não compra o que comprava há 10 anos.
Gabriela Mendes Chaves, colunista do UOL Economia

É a inflação que nos impede de encher um carrinho no mercado gastando a mesma coisa que há anos. Por isso, o salário mínimo precisa ser corrigido sempre —mas, em 2021, o reajuste definido pelo governo federal não cobriu a inflação de 2020; o mesmo vale para o prêmio do "BBB".

Imagem: PM Images/royalty free/Getty Images

Como o salário mínimo de 2010 era R$ 510, podemos dizer que naquele ano o "BBB 10" pagou o equivalente a 2.499 salários mínimos (ou seja, cabiam 2.499 salários de R$ 510 em R$ 1,5 milhão).

Hoje, R$ 1,5 milhão equivale a "só" 1.363 vezes o salário mínimo atual (R$ 1100). Quase metade do valor de 2010.

Pelo mesmo efeito, o prêmio de 2020 foi 'maior' do que será em 2021, mas 'menor' do que o de 2019 e assim sucessivamente.
Paula Zogbi, especialista da Rico Investimentos

O preço dos carros é outro parâmetro interessante.

Em 2010, com R$ 1,5 milhão, dava para comprar 54 carros novos da versão básica do Gol, da Volkswagen (era possível achá-lo por R$ 27 mil). Dez anos depois, um modelo básico do Gol custa mais de R$ 55 mil (o prêmio do "BBB" compraria só 27 destes).

Imagem: Nelson_A_Ishikawa/royalty free/Getty Images

O dólar americano, então, nem se fala.

A moeda dos Estados Unidos disparou de lá para cá: o dólar custava menos de R$ 2 em 2010, e hoje vale mais de R$ 5. Ou seja, Marcelo Dourado, campeão do "BBB 10", poderia comprar mais de US$ 750 mil com seu prêmio. Agora, R$ 1,5 milhão vale menos de US$ 300 mil.

Isso significa que vencer o "BBB" não é mais tão importante? Não é isso.

Na era das redes e dos influenciadores, o programa acaba "premiando" de outras maneiras quem consegue passar 100 dias confinado diante das câmeras de TV (e não só com os carros que os participantes podem ganhar).

Thelma foi a campeã do "BBB 20" Imagem: Reprodução/TV Globo

A edição de 2020 deixou claro que o reality da Globo ainda é uma potência de audiência e pode, inclusive, alavancar a carreira de famosos que nem dependem mais do prêmio dado ao vencedor. A ascensão midiática de Manu Gavassi e Babu Santana, por exemplo, pode até ter valido mais do que R$ 1,5 milhão.

Manu Gavassi não venceu o "BBB 20", mas se deu bem com o tempo de exposição na TV Imagem: Cleiby Trevisan

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