Topo

Sem Ancine, com Willem Dafoe: Como Bárbara Paz tenta levar Babenco ao Oscar

Bárbara Paz e Willem Dafoe Jorge Bispo/Divulgação

De Splash, em São Paulo

27/01/2021 04h00

Bárbara Paz saiu do Festival de Veneza de 2019 premiada por seu trabalho em "Babenco - Alguém Tem que Ouvir o Coração e Dizer: Parou". Agora, ela tenta levar ao Oscar seu documentário, um belo tributo ao cineasta Hector Babenco, que foi seu marido até morrer, em 2016.

Bárbara, diretora de "Babenco", está entrando na fase final da campanha para a maior premiação do cinema.

A votação dos membros da Academia de Artes e Ciências Cinematográficas de Hollywood começa no dia 1º de fevereiro, e no dia 9 serão reveladas as pré-listas de algumas categorias —entre elas a de filme internacional e a de documentário, ambas na mira de "Babenco".

Como para Melhor Filme Internacional qualquer membro pode se inscrever para votar, se comprometendo em assistir 20 filmes, é possível que os próprios membros de Documentário também votem em Filme Internacional, assim como votantes de qualquer outra categoria. Bárbara Paz a Splash

Imagem: Divulgação

Se ela conseguir emplacar o seu longa nas duas categorias, será a segunda vez que isso acontece na premiação. A primeira foi ano passado, com "Honeyland", da Macedônia. O filme perdeu nas duas categorias em que competiu, mas fez história.

Mas o que é uma campanha do Oscar?

Assim como em uma campanha eleitoral, uma campanha para o Oscar tem o objetivo de divulgar ao máximo um filme aos seus potenciais eleitores -no caso, os mais de 8.600 membros votantes da Academia.

Para tanto, alguns estúdios investem quantias astronômicas, que podem chegar aos US$ 25 milhões, de acordo com uma reportagem da Reuters de 2019.

Não é o caso de "Babenco".

Concorrendo de forma independente, está se apoiando em recursos de um crowdfunding —que já arrecadou R$ 150 mil dos R$ 200 mil pretendidos— e de parceiros: os coprodutores Globo Filmes e Canal Brasil, e os apoiadores Globo, Itaú e SpCine.

Imagem: Divulgação

A Ancine não está colaborando, assim como não colaborou com "A Vida Invisível", o pré-indicado do ano passado.

"Infelizmente a gente não pode contar com a ajuda financeiramente e nem de divulgação do filme via Ancine. Procuramos a agência e não tivemos resposta do nosso pedido", conta Bárbara.

Mas nós não vamos parar por isso. O cinema nacional está numa fase excepcional. Filmes têm sido premiados em vários festivais internacionais. O mundo ama e quer ver o cinema brasileiro. O cinema brasileiro é reconhecido lá fora.
Bárbara Paz

Apesar disso, a campanha de Babenco segue firme e forte às vésperas da votação da Academia.

Bárbara e a equipe do longa têm investido em anúncios em veículos internacionais especializados em cinema, e em eventos virtuais com personalidades conhecidas do mercado americano.

É o caso do diretor Walter Salles e do ator Willem Dafoe, que é produtor associado de "Babenco" e participou, ontem, de um bate-papo promovido no jornal "Los Angeles Times". O filme ainda ganhou um novo trailer, especial para a campanha.

Mas não para por aí. A equipe está fazendo tudo o que pode, como conta Bárbara:

Como é quase uma campanha política, é preciso que o filme seja visto, falado. Recebemos ótimas críticas no Brasil e internacionalmente, e isso ajuda bastante. Além disso, nos inscrevemos no screener da Academia e fizemos envios de algumas cópias físicas para alguns membros.

E a pandemia?

Em tempos pré-covid, fazer campanha para o Oscar era um trabalho físico também. Em 2020, por exemplo, a diretora Petra Costa, indicada por "Democracia em Vertigem", deu entrevistas a veículos internacionais e foi parar em uma festa com astros do cinema, incluindo Leonardo DiCaprio.

Imagem: Mauricio Nahas/Divulgação

Obviamente, nada disso é possível no momento, o que tem suas vantagens e desvantagens, segundo Bárbara.

Agora está tudo online e disponível na plataforma da Academia. Os membros têm acesso a todos os filmes inscritos por lá. Por outro lado, não temos a magia do cinema, aquela sensação única que temos de assistir ao filme em uma tela grande e em uma sala escura. Agora é sorte!

Retorno

Vale notar que a Academia já reconheceu o trabalho de Babenco em 1986, quando deu quatro indicações ao seu "O Beijo da Mulher Aranha", inclusive nas categorias de diretor e melhor filme. O longa ainda rendeu um Oscar de melhor ator a William Hurt.

Levar o Hector de volta para Academia seria incrível, o nome dele faz parte da história do cinema do Brasil e do mundo.
Bárbara Paz

Imagem: Mauricio Nahas/Divulgação

Crowdfunding

Para quem quiser colaborar, a campanha de "Babenco" ainda tem mais quatro dias no ar, e conta com novidades nas recompensas.

Acrescentamos artes doadas pela artista Verena Smith, feitas especialmente para a campanha. Sou muito grata a todos que tem colaborado de alguma forma para fazer essa campanha mais forte.

Comunicar erro

Comunique à Redação erros de português, de informação ou técnicos encontrados nesta página:

Sem Ancine, com Willem Dafoe: Como Bárbara Paz tenta levar Babenco ao Oscar - UOL

Obs: Link e título da página são enviados automaticamente ao UOL

Ao prosseguir você concorda com nossa Política de Privacidade