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Ludmilla se joga no pagode: 'O importante é que minha luta dê resultado'

Sextou 29/01 Ludmilla
Sextou 29/01 Ludmilla
Divulgação

De Splash, em São Paulo

29/01/2021 04h00

Hoje (29) Ludmilla realiza um sonho de criança e lança seu primeiro DVD só com músicas de pagode.

"Numanice" (lê-se "numa náice") foi gravado no Pão de Açúcar (a mulher é chique!) e contou com participações de Thiaguinho, Bruno Cardoso (vocalista do Sorriso Maroto), Orochi e do grupo Vou Pro Sereno.

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Em entrevista para Splash, Ludmilla disse que foi criada no meio do samba e forjada ao som de Dona Ivone Lara, Beth Carvalho, Alcione, e outras damas da música brasileira.

Portanto, nada mais justo e simbólico do que a cantora se jogar no ritmo que marcou o seu crescimento. No set list, além de inéditas e regravações de sucessos recentes, a cantora escolheu sambas antigos para homenagear.

Minha raiz musical vem do samba. As pessoas que convidei são minhas referências. Cresci ouvindo Exaltasamba, Belo, Fundo de Quintal. Estou realizando um sonho.
Ludmilla

Mas Ludmilla diz que sua intenção vai muito além. Ela quer ser lembrada como uma das mulheres que abriu portas para novas pagodeiras.

Depois do feminejo, vem aí o... femigode?

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Meu propósito é usar minha visibilidade para abrir espaços. Antes de mim, vieram grandes sambistas. Agora quero que surjam outras, não quero brilhar sozinha.
Ludmilla

A cantora explica que falta espaço para mulheres no pagode —repara só— e os próprios convidados no projeto "Numanice" reconhecem isso. Segundo ela, o que falta é oportunidade, pois talento feminino tem de sobra.

Mas não pense que esse rolê de abrir caminhos é fácil.

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Ludmilla ganhou projeção na música graças ao funk. Com uma carreira estabelecida, ela se jogou no pop, no rap e até no gospel.

Em todos os espaços, ela foi alvo de críticas.

No rap, Ludmilla passou por ataques mais recentemente ao participar do projeto "Poesia Acústica 10". Única mulher a integrar o time com outros sete homens, Ludmilla foi esculhambada por sua relação com o funk e seu "tamanho artístico".

Vale frisar que outros homens funkeiros e de grande relevância já participaram do projeto e não sofreram tanto "hate".

Após a repercussão, a Pineapple, selo responsável pelo "Poesia Acústica", decidiu que todas as próximas edições contarão com mulheres. E mais de uma.

O importante é que a minha luta dê resultado. Percebi que parte do meu propósito é abrir portas e entendi que a porrada valeria a pena se eu conseguisse.
Ludmilla
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Ou seja: Ludmilla seria uma espécie de "Geni" (aquela da música do Chico) e diz compreender as críticas:

É um pessoal que ainda pensa que nós, mulheres, temos que viver numa caixinha. Os ataques incomodam, mas sei que as coisas estão mudando. Tenho que ter paciência com essas pessoas.

E o que deu essa maturidade para Ludmilla?

Se assumir bissexual.

A cantora diz que depois que revelou ao mundo sua atração por mulheres, percebeu que não precisava mais se encaixar nas caixinhas que eram impostas. Que podia ser livre.

Ela acredita que isso serve de inspiração para outras mulheres, com a mensagem de que a liberdade artística está aí para todas.

Eu alcancei a liberdade quando eu pude assumir que gostava de mulher. Depois daquilo minha coragem aumentou, não queria mais me encaixar no que mandavam.
Ludmilla