Lurdiana conta desafios como bailarina no Egito: 'Pensei em desistir'
Imagine viajar até o outro lado do mundo para realizar seu sonho, deixando tudo para trás: família, amigos, emprego. Essa foi a corajosa jornada de Lurdiana Tejas, bailarina brasileira que virou febre no Egito com a dança do ventre.
Direto do Cairo, ela contou os desafios de viver nesse outro mundo.
Como tudo começou
A paixão pela dança vem da infância: Lurdiana é filha de bailarina. A mãe, que vivia em Porto Velho, acabou se mudando para Balneário Camboriú, após viajar para lá com seu grupo de dança. Foi na cidade catarinense que Lurdiana começou as primeiras aulas de balé e jazz.
Aos 13, Lurdiana passou a ajudar a mãe nas aulas de balé que ela dava e, com 15, começou a estudar a dança do ventre. Mesmo tentando prestar vestibular e até chegando a estudar em outras áreas, ela afirma que nada fazia sentido, a não ser a dança.
Do outro lado do mundo
Mesmo se dedicando ao trabalho como professora de dança no Brasil, Lurdiana sonhava mais alto: queria viver como bailarina da dança do ventre em algum país árabe.
Até que, há quatro anos, Lurdiana foi indicada por uma amiga para trabalhar como dançarina no Egito. Recém-separada e em crise no trabalho, ela teve somente dez dias para se desfazer de tudo no Brasil, comprar as passagens e se mudar de mala e cuia!
Desafios
Começar uma vida nova em um lugar tão diferente do Brasil não foi fácil. Se adaptar a uma nova cultura, a um novo jeito de se vestir e de se comportar foi ainda mais difícil.
A gente guarda uma bagagem de vivências, crenças, conceitos do que é certo ou errado de acordo com o lugar onde moramos a vida toda. Quando cheguei, me deparei com um universo oposto. O primeiro ano foi muito difícil. Pensei em desistir. Fui para o Brasil e não queria voltar mais.
Lurdiana conta que, pela religião muçulmana, as mulheres egípcias não podem exibir muito do corpo quando saem na rua. Nada de decote, shortinho ou barriga de fora, mesmo no intenso calor que domina a região. A única exceção é mesmo a dança do ventre.
Para eles, mostrar o corpo de forma tão exposta é pecado. Eles enxergam o corpo da mulher como sagrado. Ela não pode exibir, a não ser para o marido. Eu não preciso usar véu, mas tenho que respeitar a religião. Estranhei muito, mas tento ter bom senso.
Novo status
No ano passado, mesmo já estabilizada como dançarina no Egito, Lurdiana atingiu um outro patamar de sucesso. Um vídeo seu dançando num salão de cabeleireiro viralizou nas redes sociais. Hoje, ela é tratada como celebridade por lá.
Foi surreal! Se eu saio, as pessoas me reconhecem, pedem para tirar fotos. Recebo convites para TV, propagandas. Aqui, a dança faz parte da cultura e do dia a dia. Não tem como comparar com o Brasil. Aqui, a bailarina tem o mesmo reconhecimento que cantores, atores. É o que faz valer o esforço.
Apesar da fama, Lurdiana explica que precisa enfrentar o preconceito de alguns egípcios, que pensam que ela não é digna ou não tem conhecimento por trabalhar como dançarina.
A bailarina conta que não tem vontade de voltar a morar no Brasil, pelo menos por enquanto, mas celebra o reconhecimento que vem recebendo por aqui também.
Quem sabe quando a pandemia passar, não veremos Lurdiana se apresentando?
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