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Polícia Civil apreende armas e dinheiro em espécie na casa do cantor Belo

Polícia apreende armas e dinheiro em epécie na casa de Belo - Divulgação/Polícia Civil do RJ
Polícia apreende armas e dinheiro em epécie na casa de Belo Imagem: Divulgação/Polícia Civil do RJ

Tatiana Campbell

Colaboração para o Splash, no Rio de Janeiro

17/02/2021 19h29

A Polícia Civil do Rio de Janeiro apreendeu na casa do cantor Belo, na Barra da Tijuca, zona oeste da cidade, armas, munição dinheiro em espécie e computadores. Boa parte desse material estava em cofres da residência do artista.

A ação aconteceu durante a operação "É o que eu mereço", realizada hoje pelos agentes da Delegacia de Combate às Drogas (DCOD) que resultou na prisão de Belo. Os agentes buscaram cumprir quatro mandados de prisão preventiva e cinco mandados de busca e apreensão contra os responsáveis por promover a realização de um evento em uma escola estadual no Complexo da Maré, zona norte do Rio, na última sexta-feira (12). O chefe do tráfico de drogas da comunidade, Jorge Luiz Moura Barbosa, o Alvarenga, segue foragido.

De acordo com o delegado titular da especializada, Gustavo de Mello de Castro entre as apreensões estão duas pistolas.

Dinheiro - Divulgação/Policia Civil do Rio de Janeiro - Divulgação/Policia Civil do Rio de Janeiro
Dinheiro foi encontrado em cofre na casa de Belo
Imagem: Divulgação/Policia Civil do Rio de Janeiro

"A gente apreendeu na casa do Belo duas armas, cerca de R$ 40 mil em espécie, mais de £ 3,5 mil e US$ 1 mil. Ele [Belo] possui as armas em casa que estão registradas, mas gente está checando, ao que tudo indica que esses registros estão vencidos. A gente pediu e a Justiça decretou o bloqueio das contas bancárias dos investigados".

Além do crime de infração sanitária, a Polícia Civil investiga ainda a invasão da escola onde ocorreu o evento já que, segundo a Secretaria Estadual de Educação, o show aconteceu sem autorização, e também o envolvimento com o tráfico local, já que, segundo as investigações, o evento foi realizado com ajuda ilícita.

"Verifica-se que o cenário desenhado é um dos mais absurdos possíveis, na medida em que o "evento contagioso" não foi autorizado pelo Estado, mas pelo chefe criminoso local, que também teve a sua prisão preventiva decretada", acrescenta o delegado.

Entenda o caso

Belo - AgNews / AgNews - AgNews / AgNews
Belo chegando na Cidade da Polícia, na Zona Norte do Rio de Janeiro
Imagem: AgNews / AgNews

Belo foi preso hoje pela Dcod (Delegacia de Combate às Drogas), da Polícia Civil do Rio de Janeiro. O cantor é investigado pela realização de um show no Complexo da Maré, Zona Norte do Rio, durante a pandemia do novo coronavírus.

O evento, que aconteceu no interior da Escola Estadual do Parque União na última sexta-feira (12), não foi autorizado pela Secretaria Municipal de Saúde e nem pela Secretaria de Estado de Educação do Rio de Janeiro. Por isso, a polícia também investiga uma suposta invasão ao local.

O cantor estava gravando um quadro no programa "Hora do Faro" (RecordTV) no momento da prisão, de acordo com informações apuradas pelo UOL.

A mulher de Belo, Gracyanne Barbosa, usou os stories do Instagram para desabafar após a prisão do marido. A influenciadora afirmou que Belo tem seguido todas as normas da pandemia e lembrou que sua família precisa do dinheiro proveniente do trabalho dele.

Nós ficamos meses em casa, e mesmo agora não saímos, não viajamos, não vamos a festas, bares, praia. Mas precisamos sair para trabalhar. Todo o Brasil já voltou a trabalhar. Na realidade do nosso país, muito nem puderam parar. Triste. E triste ver alguns destes sendo oprimidos em suas tentativas de continuidade ao trabalho.

Belo se pronuncia

A assessoria de imprensa do cantor utilizou as redes sociais na noite de hoje para falar sobre a situação do artista. Em nota, a família e a equipe do cantor afirmaram estar "surpresos e consternados" com o mandado de prisão preventiva realizado hoje pela Polícia Civil do Rio de Janeiro.

De acordo com a nota, "o show foi legalmente contratado pela produtora Série Gold, conforme comprovam notas fiscais e outros documentos já entregues às autoridades."

"O espanto se dá em razão da prisão ter ocorrido mesmo após parecer contrário do Ministério Público (MP) e também da falta de isonomia quando se trata de apresentações artísticas durante a pandemia da Covid-19, pela qual Belo teve a saúde acometida há três meses e a agenda cancelada integralmente há um ano."

O comunicado ainda afirma que Belo pede desculpas por ter se apresentado em uma "aglomeração" e que ele retomou há pouco tempo para os palcos. "com compromissos ainda insuficientes para reverter o prejuízo dos meses em que esteve impedido de trabalhar, enquanto indústria, comércio e outras atividades de lazer — inclusive as casas de show — voltaram a funcionar, ainda que com restrições."

A assessoria ainda cita que o evento que Belo participou "nõ foi o primeiro e nem será o último em que aglomerações fugiram do controle dos organizadores" e critica a postura das autoridades da atenção "mais expressiva" dada ao caso de Belo.

"Completa o estado de choque do cantor o fato de que o evento de sábado não foi o primeiro e nem será o último em que aglomerações fugiram do controle dos organizadores. No entanto, chamou atenção das autoridades, de maneira mais expressiva, justamente um episódio na Maré, uma das maiores favelas cariocas, onde eventos culturais já são comumente reprimidos pela ideia de que os moradores de comunidades não merecem vivenciar a arte da mesma maneira do que aqueles que residem em áreas mais ricas da cidade."

"Ecoando o questionamento feito ao longo do dia nas redes sociais, a equipe de Belo também se pergunta se a situação seria a mesma caso o show ocorresse em bairros da Zona Sul e com artistas de gêneros musicais menos negligenciados do que o pagode. Um exemplo dessa distinção é o fato de não haver registro de prisões na interdição de um baile de carnaval."

'De acordo com a Lei'

Belo - Reprodução/Instagram - Reprodução/Instagram
Em publicação, assessoria afirma que evento era legalizado
Imagem: Reprodução/Instagram

A assessoria de imprensa do cantor reafirmou em outra publicação que o show realizado na última sexta (12) aconteceu com toda a documentação "de acordo com a lei" e que as autoridades não teriam dado a chance da equipe apresentar as provas antes da prisão preventiva. A publicação foi deletada logo em seguida.

"Para esclarecimento dos últimos acontecimentos divulgados na imprensa, deixamos claro que o artista foi contratado para show referido, com toda documentação de acordo com a lei ; tendo contrato, nota fiscal e garantia de todos os protocolos de segurança pela empresa que o contratou. Estamos documentados e com todos os respaldos pertinentes a esse evento", dizia comunicado.

"Infelizmente, o Brasil é um país onde a justiça funciona somente para alguns. Sequer deram o direto da nossa parte apresentar algum documento que justificasse o trabalho, pediram a prisão preventiva direto.
Agradecemos a todos, o carinho que estamos recebendo nesse momento difícil."