Indicada ao Globo de Ouro, 'Ted Lasso' é 'Emily em Paris' sobre futebol
Quando as indicações ao Globo de Ouro foram anunciadas, deu para ouvir de longe a gritaria nas redes sociais. De um lado, berros em comemoração por "Ted Lasso" concorrer à melhor série de comédia. De outro, urros criticando "Emily em Paris" por disputar com ela o posto de comédia de 2020.
Méritos artísticos à parte, o título da AppleTV+ escrito e protagonizado por Jason Sudeikis —amado pelo público— tem muito em comum com a trama da Netflix estrelada por Lily Collins —e essa série muito foi gongada. Os dois atores inclusive concorrem a melhor ator/atriz em suas categorias
Você pode ter gostado mais de uma do que de outra, mas, temos que admitir: as tramas são muito parecidas. Vamos aos fatos.
Mudança de hábito
Em "Emily em Paris", a protagonista, Emily, deixa os EUA rumo à França depois de receber uma proposta de emprego irrecusável, mas fora de sua zona de conforto. Ela, que trabalhava no marketing de uma indústria farmacêutica, acaba migrando para o mercado de luxo de perfumes e moda.
Já em "Ted Lasso", o personagem principal (adivinhe o nome dele!) também cruza o Atlântico para ir a Londres por uma proposta inesperada. Técnico de um time da segunda divisão do futebol americano, Ted é convocado para comandar o Richmond, equipe da Premier League de futebol-futebol.
Choque cultural
Ted e Emily sofrem muito com o choque cultural. Ok que para ele não houve mudança de idioma, como ela enfrentou quando chegou em Paris sem falar francês, mas as expressões e os costumes da capital da Inglaterra são muito diferentes das que ele conhecia no Kansas.
Ódio dos pares
Tanto Ted quanto Emily comeram o pão que o diabo amassou na mão de seus colegas, que sabotaram o trabalho dos dois e não deram a eles a mínima confiança. Ah, sim, os dois eram chamados de "caipiras" o tempo todo.
Otimismo inabalável
Porém, nossos dois heróis não se deixam abalar pelas crises. Otimistas, resilientes e determinados, eles ultrapassam os obstáculos com a força de seus bons corações. Parece cafona (e é), mas é exatamente isso o que acontece. Nas duas séries.
Clichês a granel
Clichê (às vezes) é bom e a gente (às vezes) gosta. Enquanto "Emily em Paris" abusa (até demais) dos estereótipos franceses (é sério, um figurante de camiseta listrada é visto saindo de uma boulangerie com uma baguete debaixo do braço), Ted Lasso se joga na persona do "redneck".
Chefes megeras
Em suas novas empreitadas profissionais, Ted e Emily têm que encarar chefes megeras que não os levam a sério e menosprezam os trabalhos que vêm fazendo. Mas, claro, há redenção (e eu não vou dar spoilers).
Triângulos amorosos
Em "Emily em Paris", nossa heroína se envolve com o vizinho bonitão, que namora... Uma das poucas amigas que ela fez na cidade. Já em "Ted Lasso", o triângulo da vez é entre dois jogadores e uma típica maria-chuteira —uma das personagens mais legais da série, inclusive.
Família longe
Emily sofre por deixar o namorado em Chicago. Ted morre de saudades da mulher e do filhinho, que ficaram nos EUA.
Além de todas as evidências, as duas séries exigem do espectador um tanto da chamada "suspensão da descrença". Ou seja, quando deixamos a lógica e a verossimilhança de lado para embarcar numa narrativa ficcional que não é lá muito verdadeira.
Robert McKee, no livro 'Story'
Nunca que um grande time de futebol ou um luxuoso conglomerado de moda funcionariam do jeito retratado por "Ted Lasso" ou "Emily em Paris" nas telas. O que importa aqui, no fim das contas, é que é tudo entretenimento.
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