"O que eu mais queria é que este ano começasse de novo. Parece que 2020 veio com defeito?", diz a voz de Regina Casé, no trailer do retorno de "Amor de Mãe". Pronto, já estamos chorando. O fim do primeiro capítulo resumo, quando sua Lurdes abraça o filho Magno (Juliano Cazarré) e diz que vai resolver tudo é o que precisávamos ver.
Sentimos saudade de Thelma (Adriana Esteves), Lurdes e Vitória (Taís Araujo), mas também dá saudade do que a gente era em fevereiro de 2020, quando chegávamos do trabalho, tomávamos banho, comíamos (não necessariamente nessa ordem) e víamos novela —esse tempo era firmeza. Sentimos saudade daquele abraço de mãe de Regina, que diz que vai resolver tudo enquanto a gente amarga diversos lutos. E sentimos falta desse tipo específico de entretenimento: novela brasileira é bem-feita demais.
A volta da trama, na noite de ontem, significa muito para quem está há um ano apático, controle remoto na mão. A maior parte do que a gente vê por aí é ficção produzida pré-pandemia. Ou, seja, é gente que vivia feliz e não sabia, sem máscara, sem medo, sem raiva de quem está sem máscara. Tempos que eram bons de verdade (suspiro).
Ligar a TV neste ano com defeito foi só para passar raiva com notícia ou para ter dor de cotovelo. Imagina você e seus amigos trancados em uma casa com bebida free e um show do Thiaguinho? Dá uma invejinha até de dar selinho no rolê —mesmo que seja no Fiuk. Uma produção audiovisual de máscara, como será a fase final de "Amor de Mãe", daria um sosseguinho para o nosso coração —entretenimento sem culpa, nem cobiça.
É isso: o período de agonia ficou para trás. O Domênico de Chay Suede voltou!
Será que a vida pode ser boa outra vez? Quando a gente sentiu uma expectativa dessas? Em "Avenida Brasil", em 2012, quando nem imaginávamos que acabaríamos com o Brasil por causa de 20 centavos. Queria eu ter parado no tempo numa partida do Divino Futebol Clube.
Uma novela diferentona
"Amor de Mãe" já tinha chamado a atenção em 2019: com fotografia impecável, personagens profundos e... Lurdes, meu Deus do céu, o que é Lurdes? Regina Casé brilha como nossa mãe, como nossa vizinha, como nossa tia querida: uma personagem que parece de verdade num tempo em que todo o mundo parece de mentira nas redes sociais. Lurdes é um oásis nesta vida. Na cena em que toma um pileque de gim tônica, então? Lurdes sou eu e você vivendo.
Aliás, a gente não está exatamente vivendo. Está acumulando saudade e pensando no que poderia ser caso a desgraça não tivesse acontecido. E esperando. A volta de "Amor de Mãe" é o exemplo de que a vida pode ser boa de novo, meio de máscara ou dentro de casa (fazer o quê?), meio como era antigamente.
Por ora, um resumo da trama para quem estava fazendo coisa melhor no começo de 2020. Em alguns dias, capítulos inéditos para o deleite de quem vibra com Adriana Esteves fazendo maldade desde "Avenida Brasil". Uma amiga chorou no trailer (o combo Bethânia + Regina Casé dizendo o que a gente sente é para botar o cabloco comovido mesmo). Outra terminou o vídeo e já abriu a geladeira dizendo: "Cadê meu Domênico?".
Domênico vai voltar, Lurdes. Ô, gente, que coisa boa: o Domênico voltou! Me sinto a Lucimar, da Dira Paes, vibrando com o retorno de Morena em "Salve Jorge".
A gente segue em casa, quietinho, mas agora vendo novela. Lurdes dá um abraço forte enquanto a gente chora e pensa que vai dar tudo certo. Depois cuidamos do resto.
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Luciana Bugni é jornalista, escritora e gerente de conteúdo digital da Discovery
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