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Justiça do Rio autoriza quebra de sigilo de dados telefônicos de Belo

O cantor Belo, em Salvador - Sercio Freitas/Divulgação
O cantor Belo, em Salvador Imagem: Sercio Freitas/Divulgação

Marcela Ribeiro

Colaboração para o UOL, no Rio

04/03/2021 13h03

A Justiça do Rio de Janeiro autorizou ontem a quebra do sigilo de dados telefônicos, informática e telemática do cantor Belo e dos sócios da empresa Série Gold Som e Iluminação, Célio Caetano e Joaquim Henrique Marques Oliveira. Os três são investigados no processo que apura os crimes de infração de medida sanitária, crime de epidemia, invasão de prédio público e associação criminosa após a realização de um show clandestino no Ciep Professor César Pernetta, no Complexo da Maré, no último dia 12.

A quebra do sigilo de aparelhos eletrônicos foi decretada ontem pela juíza Ana Helena Mota Lima Valle, da 26º Vara Criminal do Rio. Belo, Célio e Joaquim foram presos no último dia 16 e liberados no dia seguinte, após serem beneficiados com um habeas corpus. O trio também foi alvo de mandados de busca e apreensão.

O traficante Jorge Luiz Moura Barbosa, que controla o tráfico de drogas na região, também tem a participação apurada na contratação do evento. Ele é considerado foragido desde 2006. O show clandestino do cantor Belo custou R$ 65 mil e ocorreu no mês passado.

Defesa critica

Procurado, o advogado do artista, Jefferson de Carvalho Gomes, disse ao UOL que já teve acesso à decisão, mas que a defesa ainda não foi intimada oficialmente sobre a questão. A quebra do sigilo do cantor foi criticada pelo advogado.

"Não vejo necessidade nessa decisão, já que a gente apresentou no dia da prisão os contratos e comprovantes de pagamentos apontando quem pagou, de onde veio o dinheiro (...) Mostramos que o show, da parte do Belo, estava dentro de licitude e que não havia nada ilegal".

Segundo o advogado, o contrato do evento foi firmado entre a Leleco Produções e a Belo's Music. "No contrato tem uma cláusula expressa que a responsabilidade pela logística era da contratante e que caberia a Belo's Music somente estar lá na hora e dia marcado. Qualquer outra contratação como iluminação, palco, é da Leleco com terceiros", disse o advogado.

A defesa de Célio Caetano também foi procurada, mas ainda não se posicionou. No último dia 23, Walter Marcelino, disse à reportagem que o cliente foi contratado por um dos DJs do evento e que recebeu R$ 5,5 mil referentes à montagem de equipamento de som no local. Célio negou ser um dos organizadores do show.

Em depoimento à polícia, ele chegou a afirmar que nenhum evento acontece na favela sem consentimento do tráfico de drogas da região.

"A contratação do Belo foi feita pela Leleco Produções. Meu cliente é um prestador de serviço e não tem nenhum vínculo com o cantor, tanto é que os R$ 65 mil [valor do show] foram pagos à Belo's Music [empresa do cantor], nem passou pelo Célio que recebeu os R$ 5.500 direto de um dos DJs", disse o advogado à reportagem, na ocasião.

Show em SP

Mesmo com o inquérito em andamento sobre o show clandestino, Belo confirmou a realização de um show em São Paulo, no próximo dia 20. A apresentação está marcada para às 20h, no Espaço das Américas. A partir do próximo sábado (6), todo o estado de São Paulo entra na fase vermelha do Plano São Paulo, de controle da pandemia do novo coronavírus. Inicialmente, a medida vale até o dia 19 - um dia antes do evento do cantor, mas pode ser prorrogada.