Obcecado pelos próprios músculos, Arthur deve transar olhando espelho
"Sabe quando você está transando e, de repente, percebe que está meio chato, que o cara vai demorar para gozar? Aí você fica ali fingindo que está tudo bem, mas não consegue parar de pensar que poderia estar aproveitando o tempo para fazer a unha do pé?"
Desde que uma amiga minha disse essa frase, há muitos anos, eu nunca mais consegui ver as transas medianas com outros olhos.
A quem desconhece as agruras da pedicure, explico: fazer o pé é muito chato. Demora bastante, depois que começou não dá mais para desistir, a posição é desconfortável. Mas há aventuras sexuais de qualidade mediana que conseguem ser ainda mais chatas que uma hora com o pé no colo de uma desconhecida cavucando cutícula e lixando sola. Acredite.
Tem uma outra máxima de minhas amigas que a gente leva para a vida. Quando um cara gostoso chama demais a atenção e aguça nossos hormônios, costumamos notar seu comportamento. Os caras fortes, que trabalham demais a imagem, sabem que são gostosos. E se preocupam em checar isso toda hora. Mesmo quando estão transando. É o famoso "trepa enquanto olha para o espelho".
Você está, ali, embaixo, fazendo seu melhor, e o cara esquece de fazer contato visual, entretido que está com seu próprio tórax, com os quadradinhos de seu abdome, com o bração.
O padrão é repetido. Eles podem agir feito um britadeira potente enquanto admiram como a flexão deixa seu tríceps desenhado no espelho. Quanto mais definido, melhor. E gemem como quem está na academia. A mulher que está ali embaixo é um detalhe. Um adereço. Um aparelho de ginástica. Um tapetinho? Afe.
Mas respeitem os gostosos!
Longe da gente criticar um cara gostoso. Eles são úteis e acrescentam beleza às mídias há muitas décadas. Às vezes, quando não estou fazendo nada, eu fico assistindo o gif do Brad Pitt tirando a camisa para consertar o telhado em "Era uma Vez em Hollywood" em looping. Sempre melhora meu dia. Idris Elba pode fazer o filme que for que eu assisto, mas eu prefiro que se passem no verão e ele possa atuar um pouco mais desnudo.
Mas, por décadas de conversas com amigas, dá para dizer que há uma tendência. Um cara, quando tem muito amor pelos próprios músculos, raramente está interessado em igual proporção pela mulher com quem divide a cama.
Isso posto, podemos falar de Arthur, os músculos da vez no "BBB". De profissão crossfiteiro, ele faz questão de falar sobre treinos o dia todo. Dia destes, o rapaz confessou que repetiu duas vezes o terceiro ano porque faltava à escola para treinar. Deu certo, ficou fortão.
Batalhou para seduzir Carla Diaz, mas, depois de conquistá-la, lembrou do que é mais importante para ele: seus músculos. Carla é inteligente. Se comunica bem e tem a eloquência de quem leu vários livros. Constrói as frases de um jeito esperto, se defende como pode e é sempre de maneira muito efetiva. Arthur apenas reclama. Sua amizade com Projota beira a obsessão na busca por um "bro" que o legitime.
Quando é acusado de fraco, mostra o bíceps. Seu trabalho intelectual está ali na grossa e trabalhada camada de músculo que tem entre o cotovelo e o ombro. Quando Tiago Leifert faz piada com a cena, ele entende que eles, os músculosos, estão se sentindo representados aqui fora. What?
Isso deve dar um acréscimo de estima por si mesmo. O seu reflexo musculoso no espelho faz com que se sinta maior (não fisicamente, como de fato é mesmo, mas metaforicamente). Ele não precisa da namorada, precisa de um brother, ele não pode ser chamado de fraco, ele é musculoso. Nada dá mais tesão num homem desse do que sua própria imagem externa.
Esportes são legais, ficar com um gostosinho também. Mas tem hora, Carlinha Diaz, que fazer a unha do pé é muito melhor.
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Luciana Bugni é jornalista, escritora e gerente de conteúdo digital da Discovery.
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