Autora de 'Água para Elefantes' perdeu fortuna em luta para inocentar preso
![Sara Gruen escreveu "Água para Elefantes"](https://conteudo.imguol.com.br/c/splash/60/2021/03/29/sara-gruen-escreveu-agua-para-elefantes-1617062282820_v2_600x337.jpg)
Sara Gruen, autora do best-seller "Água para Elefantes" —que serviu de inspiração para o filme homônimo, estrelado por Robert Pattinson e Reese Witherspoon, em 2011—, se envolveu tão profundamente na luta para provar a inocência de um detento e livrá-lo da prisão que perdeu sua fortuna.
Em uma detalhada reportagem publicada pelo site Vulture, na última semana, a jornalista e amiga Abbott Kahler contou como a batalha de Sara se tornou uma obsessão, o que acabou deixando a escritora best-seller falida e com a saúde debilitada.
Abbott Kahler, jornalista amiga de Sara Gruen
Tudo começou com uma carta enviada à escritora há seis anos pelo detento Charles Murdoch, condenado à prisão perpétua por assassinato.
No texto, ele lhe dizia que havia "devorado" o livro "Água para Elefantes".
O detento mencionava sua prisão "injusta", mas o que chamou a atenção da autora foi o fato de ele não pedir dinheiro ou ajuda —ou sequer uma resposta.
Sara, que na época escrevia um novo livro, pesquisou o caso de Murdoch no Google e se impressionou com erros que o teriam atrapalhado na Justiça.
Sara Gruen, sobre por que decidiu ajudar Murdoch
No caso de assassinato, de 1983, três homens assaltaram um bar em Long Beach, na Califórnia, matando uma pessoa a tiros e deixando outra gravemente ferida.
Dez anos depois, uma digital na cena do crime levou a investigação a um homem chamado Dino Dinardo, que entregou Murdoch como cúmplice.
Mais tarde, em uma carta, Dinardo confessou a seu advogado, em uma carta, que sequer conhecia Murdoch, e o teria entregado por pressão dos investigadores.
Na opinião de Sara, a tese da promotoria se baseava em uma confissão forçada, com testemunhas "inconsistentes" e omissão de provas importantes.
Ela enviou cópias autografadas de todos os seus livros a Murdoch, e eles logo se tornaram amigos, trocando correspondências com frequência.
Sara e o marido dela, Bob Gruen (não confundir com o renomado fotógrafo de rock), contrataram um famoso advogado criminalista, Jeffrey Hammerschmidt, acreditando ser "a melhor esperança" para Murdoch. Ele tinha a incumbência de encontrar novas informações sobre o caso, ganhando US$ 20 mil por mês.
Ainda assim, Sara continuou sua própria investigação e lotou seu escritório de arquivos do caso. No começo de 2016, a fixação passou a preocupar amigos, já que ela não tinha sequer tempo para trabalhar em seu novo livro. Em abril, demitiu Hammerschmidt para contratar uma nova equipe legal.
O prazo final para a entrega de seu livro estava se aproximando e, a esse ponto, ela já havia gastado mais de US$ 250 mil no caso.
Além de gastar rapidamente sua fortuna, ela passou a ter problemas de saúde, relatando "dores de cabeça insuportáveis", induzidas pelo estresse.
Em 2018, Sara foi ameaçada por um homem chamado Richard Isaac Powell, amigo de um detento que teria se envolvido em uma briga com facas com Murdoch. Teve de fugir de casa com a família e se hospedar em um hotel.
Todo o estresse custou a Sara sua saúde. Ela tentou escrever seu livro, mas estava frágil demais para isso.
Abbott Kahler
Bob, marido da escritora, ainda se corresponde com Murdoch e se empenha na revisão da convicção do detento. Sara, de acordo com a jornalista, não sai de casa há mais de três anos, está sem dinheiro e muito debilitada.
Abbott Kahler
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