Indicado ao Oscar, diretor de 'Druk' superou tragédia antes de gravar filme
Entre os indicados ao Oscar de filme internacional, "Druk - Mais Uma Rodada" é o favorito -tanto que Thomas Vinterberg disputa também o prêmio de melhor diretor.
O longa estreou no Brasil na semana passada nos cinemas (onde estão abertos) e nas plataformas NOW, Apple TV, Google Play e YouTube Filmes.
Mas antes de rodar o circuito de festivais e arrebanhar (merecidamente) muitos troféus, ainda nos estágios iniciais do filme, o cineasta teve de lidar com uma tragédia pessoal: a morte de sua filha, em 2019.
Ida, então com 19 anos, morreu em um acidente de carro. Em homenagem à filha, que estava encantada pelo roteiro do filme escrito pelo pai e por seu corroteirista, Tobias Lindholm, Vinterberg seguiu investindo no projeto, que considera, hoje, um de seus trabalhos mais honestos.
'Druk' vem de um lugar na minha vida em que estávamos todos desarmados, mas também destruídos e indefesos. Então, não tínhamos como seguir a não ser que fosse com as nossas expressões mais honestas.
Thomas Vinterberg, a Splash
Mas a experiência de fazer o filme não foi penosa. "Tinha muito amor no set desse filme, e acho que isso se traduz na tela", conta o diretor dinamarquês, que trabalhou com um time de atores que são, também, seus amigos pessoais —caso de Mads Mikkelsen, com quem repetiu a parceria do filme "A Caça".
História de bêbado?
"Druk" acompanha os altos e baixos na vida de quatro amigos, professores de meia-idade em uma escola: Martin (Mikkelsen), Tommy (Thomas Bo Larsen), Nikolaj (Magnus Millang) e Peter (Lars Ranthe).
Infelizes com suas vidas, eles decidem pôr à prova a teoria do psiquiatra norueguês Finn Skårderud, que acredita que os seres humanos nascem com um déficit de 0,05% de álcool no sangue. A única forma de atingir o nível ideal? Bebendo ao longo do dia.
A decisão tem, é claro, consequências positivas e negativas —muito como na vida real, em que o álcool está presente tanto nos momentos de celebração quanto em outros mais sombrios.
"A ideia começou como uma celebração do álcool, mas achamos que seria mais rico mostrar esse lado mais sombrio também", conta Vinterberg. "Virou uma batalha entre luz e sombra. Alguém se referiu a isso como 'uma bela catástrofe', e gosto de enxergar dessa forma."
O diretor afirma que tomou cuidado, no entanto, para não moralizar a história.
No fim, o filme usa o álcool para falar também de outros temas universais —e o cineasta acha que é por isso que "Druk" foi tão bem recebido em outros países, mesmo sendo, em suas palavras, "o filme mais dinamarquês que fiz".
"Acho que todos podemos nos identificar com a sensação de termos nos perdido na vida, de ter perdido inspiração, de nos sentirmos solitários —e com a ideia de estar solitário dentro de um relacionamento", diz. "Esses elementos são universais. Todos nós queremos viver, não apenas existir."
Saudade do que já vivemos
O contraste das cenas de celebração do filme com a realidade de isolamento social também pode ter dado um empurrãozinho, já que elas fazem bater a saudade de momentos que, infelizmente, não devem retornar tão cedo às nossas vidas.
Em um mundo de morte e confinamento, há uma vontade de celebrar a vida. Há algo quase ilegal em ver essas pessoas na tela compartilhando garrafas, se abraçando e dançando na rua, algo que não vemos há muito tempo.
E por falar em dança...
ATENÇÃO: Aqui há um leve spoiler do final do filme. Não leia se não quiser saber o que acontece.
"Druk" se encerra com uma sequência de Martin, personagem de Mads Mikkelsen, dançando na rua. E o ator, admite o cineasta, estava preocupado com a cena.
"Você consegue ver que ele está relutante, começa a dançar mais e finalmente se joga, o que é um reflexo de como a sequência foi feita", recorda o diretor, contando que tudo foi coreografado "com precisão".
Uma coreógrafa criou os passos, e Mads, que já foi dançarino profissional, os adaptou. "Nós gostamos que ficou um pouco bruto, porque era um professor dançando, então foi bem-vindo."
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