Black Power? Infiltrado na Klan? Splash explica discurso de Leifert
Na última noite de eliminação no "BBB 21", Tiago Leifert fez um discurso sobre o peso do comentário de Rodolffo, que comparou o cabelo black power de João Luiz a uma peruca de homem das cavernas. Em uma conversa "de homem branco para homem branco", o apresentador citou Babu, o Movimento Negro dos anos 1970, o filme "Infiltrado na Klan", e frisou a importância que o cabelo black power tem para as pessoas negras —considerado uma forma de resistência e identidade de um povo que teve seus traços físicos, como o cabelo crespo, colocados como o oposto do que seria considerado belo.
Mas afinal, o que é black power?
"Black power" é muitas vezes usado para se referir a cabelos como o de João Luiz, mas sua origem vai muito além. O termo, que em português significa "poder negro", abrange todo o movimento negro de libertação. E o penteado simboliza a libertação de padrões eurocêntricos de beleza, que ditam que apenas a fisionomia branca, europeia, seria bonita e fizeram com que tantas pessoas não se sentissem confiantes com seus cabelos crespos.
O reflexo desses padrões é tão forte que, como foi também apontado por Tiago no discurso, não havia nem mesmo cosméticos destinados especificamente a cabelos crespos (ou maquiagens para peles negras). A representação e diversidade nessas indústrias é uma coisa recente.
É importante reforçar que não se trata simplesmente de cabelos que não são absolutamente lisos, justificativa que Rodolffo tentou usar novamente no programa de ontem. A forma como madeixas onduladas, cacheadas e crespas são vistas difere bastante. E o cabelo de João não é visto da mesma forma que o do cantor.
"Infiltrado na Klan" e Spike Lee
Quando falava sobre a autoeducação racial, o apresentador recomendou "Infiltrado na Klan", filme de 2018 do diretor Spike Lee. A obra conta a história verídica de um policial negro que conseguiu, como diz o título, se infiltrar dentro da Ku Klux Klan.
A KKK luta pela supremacia branca nos Estados Unidos. O grupo, que se caracteriza por vestimentas brancas e capuzes pontudos que cobriam o rosto, tem como um de seus principais símbolos a cruz em chamas. A KKK se dedicava à perseguição de negros e foi responsável por diversos assassinatos de afro-americanos.
A Ku Klux Klan foi apenas um dos grupos que promovia atentados contra negros e existe até os dias de hoje, ainda que não seja mais tão forte como no seu auge, entre os anos 1950 e 1960. O filme de Spike Lee ainda trata sobre a violência policial sofrida pelas pessoas negras, que costumam ser criminalizadas por sua raça.
O Movimento Negro dos Estados Unidos nos anos 1970
Além disso, houve menção ao Movimento Negro dos Estados Unidos. Entre os anos de 1960 e 1970, existiu uma forte união das pessoas negras no país para se oporem a leis de segregação racial, às desigualdades socioeconômicas e outros tipos de discriminação, como as citadas no filme de Lee.
Até a segunda metade do século 20, negros não eram permitidos a usarem os mesmos banheiros que brancos, beberem no mesmo bebedouro ou frequentarem as mesmas instituições educacionais. Foi só em 1968 que os afro-americanos tiveram o direito de se sentar onde quisessem em um ônibus —até então, por lei, só poderiam ocupar os bancos dos fundos.
E por que ainda é importante afirmar, como Babu, que black é coroa?
Mesmo depois de toda a luta, as diferenças ainda não foram superadas. E ainda que as referências que Tiago tenha feito falem dos EUA, os reflexos podem ser vistos em qualquer lugar do Brasil —inclusive no "BBB 21".
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