Chorão já deu prótese de US$ 42 mil a skatista amputado: 'O cara faz falta'
Chorão era intenso, dizem amigos.
O vocalista do Charlie Brown Jr. ou gostava ou não gostava das pessoas, sem meio termo. Bruno Souza, skatista amputado, teve a sorte de estar no primeiro grupo e lembra de quando, mesmo sem conhecer direito o cantor, ganhou dele uma prótese de US$ 42 mil.
Thiago Castanho, no documentário "Chorão: Marginal Alado"
Foi Bruno quem contou essa história para Splash.
O ano era 2007. Bruno, também conhecido como Perna, então com 19 anos, já andava de skate em Curitiba e disputava campeonatos. Ele escutava muito Charlie Brown quando, por intermédio de um amigo, teve a oportunidade de conhecer o ídolo.
O skatista usava, na época, uma prótese "bem zoada" —como ele define— de parte da perna esquerda. O membro foi perdido em um acidente com uma máquina de moer soja na fazenda do avô, aos 3 anos.
Bruno foi a São Paulo conhecer o músico e conversar com ele. Pediu, na cara dura, para que ele divulgasse sua história, pensando na possibilidade de alguém se solidarizar e decidir ajudá-lo a comprar uma prótese melhorzinha.
Bruno Souza
A prótese, com tecnologia de ponta, valia US$ 12 mil e, somada à taxa de importação da Alemanha, custou US$ 42 mil (o equivalente hoje a R$ 235 mil).
Apenas pessoas do círculo pessoal de Bruno sabem da história.
Bruno Souza
No rolê de Santos
Bruno desenvolveu uma amizade com o ídolo e passou a ir com frequência a Santos (SP), onde o músico mantinha a pista indoor Chorão Skate Park. Durante oito meses, morou por lá, dormindo em um colchão emprestado por Chorão.
A camaradagem é vista no começo desse videoclipe, de um som de Bruno em que reflete sobre a vida:
A atual profissão, como videomaker, assim como a mãe de seu primeiro filho, Bruno encontrou na tal pista de Chorão.
Bruno Souza
Ao longo da amizade, Chorão ainda pagou custos de viagem de competição para Bruno, quitou prestações de um carro dele e pagou duas outras próteses quando a primeira quebrou.
Outros amigos atestam o lado "mão aberta" do músico.
Tom Leal, skatista e amigo de adolescência de Chorão
As histórias não param:
Kléber Atalla, amigo e ex-motorista de Chorão por 10 anos
O último encontro
Bruno conta que a última vez que viu Chorão foi semanas antes de ele ser encontrado morto, em 2013. Ele diz que, na época, já percebia o amigo "bem mal".
Depois de um show do Charlie Brown na cidade litorânea de Guaratuba (PR), no hotel em que estava hospedado, Chorão sugeriu que Bruno abrisse, ao lado dele e do fotógrafo da banda, Jerri Rossato Lima, uma produtora audiovisual.
Bruno Souza
Ele diz que os filhos, Samuel, 11 anos, e Zion, 3, apesar de não andarem muito de skate (por ser perigoso), herdaram o gosto pelo som do Charlie Brown Jr.
Bruno Souza
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