Filme soviético 'tosco' de 'O Senhor dos Anéis' é descoberto e ganha fãs
A trilogia épica de "O Senhor dos Anéis" dirigida por Peter Jackson pode até ser a mais conhecida adaptação audiovisual para os livros de J.R.R. Tolkien, mas não foi a única, nem a primeira —e talvez nem mesmo a mais charmosa.
Fãs estão em polvorosa com a redescoberta de um filme soviético —de baixíssimo orçamento—, baseado no livro "A Sociedade do Anel" (o primeiro da trilogia de Tolkien), lançado em 1991.
O filme, "Khranitel" ("Os Guardiões", traduzido do russo), foi digitalizado e publicado em duas partes no YouTube pela emissora TV5, sucessora do canal Leningrad Television, que o transmitiu originalmente há 30 anos.
TV5, em comunicado
Os vídeos, publicados no fim de março, já têm somadas 2,2 milhões de visualizações.
Fã de 'Khranitel', nos comentários do YouTube
Baixo custo
Sejamos honestos: a produção, dirigida por N. Serebryakova, parece uma peça de teatro infantil comparada aos filmes de Peter Jackson, que custaram o equivalente a R$ 1,6 bilhão. Mas a graça, argumentam os românticos, está justamente aí.
Com figurinos e locações, digamos, sub-hollywoodianas, efeitos especiais não tão impressionantes e mão pesada na maquiagem, o filme é uma máquina do tempo para os derradeiros anos da União Soviética —que acabaria em 26 de dezembro daquele mesmo ano.
A trilha sonora é do músico Andrei Romanov, da banda Akvarium, grupo popular na cena local nos anos 1990.
A trama é narrada pelo hobbit Bilbo Bolseiro, que conta a jornada de seu sobrinho, Frodo (que na versão soviética usa um charmoso lenço de bolinhas), para destruir um poderoso anel.
A criatura Gollum aparece com uma intrigante "touca de repolho", enquanto o mago Gandalf, mentor de Frodo, ostenta uma franja no melhor estilo anos 1990 —recentemente resgatada pela sister Thaís, do "BBB 21".
Opiniões positivas
Em entrevista à BBC, Irina Nazarova, uma artista russa que assistiu ao filme na época do lançamento na televisão soviética, resumiu seus sentimentos em relação ao longa. Ela diz que, assim como seus amigos, hoje ri da produção, mas pondera:
Irina Nazarova, fada sensata
Arseny Bulakov, presidente da Sociedade Tolkien de São Petesburgo, por sua vez, disse em entrevista ao New York Times que o filme é um "artefato revelador" de sua era.
Ele lembra que, mesmo em tempos difíceis, fãs de Tolkien se reuniam para discutir suas obras e "reescrever poemas élficos à mão".
Arseny Bulakov, presidente da Sociedade Tolkien
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