Sandra Annenberg celebra vida menos acelerada fora do 'Jornal Hoje'
De Splash, em São Paulo
19/04/2021 04h00
Na próxima quarta, o "Jornal Hoje" completa 50 anos no ar. Durante 18 desses anos, Sandra Annenberg esteve a frente da bancada e se tornou referência imediata ao jornal descontraído que acompanha os brasileiros no meio do dia.
Porém, desde 2019, Sandra assumiu uma nova função. Hoje, no comando do "Globo Repórter", a rotina se transformou radicalmente, mas o carinho pelo "JH" segue o mesmo. Conversamos com a jornalista veterana sobre essa nova fase da carreira.
O jornal do gerúndio
Sandra celebra o "Jornal Hoje" por ser o jornal que vai ao ar quando tudo ainda está acontecendo, com várias entradas de repórteres ao vivo e as notícias se desenrolando em tempo real. "É por isso que ele é único", define a jornalista.
No JH, desenvolvi meu jeito de apresentar mais conversado, menos formal. Tento dar a notícia como quem conta o que está acontecendo a um amigo, eu olho no olho e busco a cumplicidade de quem está assistindo. Me coloco no lugar do telespectador e penso como gostaria de ser informada, e assim informo.
Esse jeito leve e passional de Sandra virou sua marca na TV e também a transformou em inúmeros memes na internet. Quem nunca se emocionou com suas reações diante de uma notícia trágica ou se divertiu com sua cumplicidade ao lado do antigo colega, Evaristo Costa?
Sinto que contribuí para fazer do "JH" um jornal mais noticioso, sem perder a simpatia e a empatia. Me sinto realizada. É possível demonstrar emoção, me posicionar contra a falta de respeito aos direitos humanos, ser séria sem ser sisuda e dar um sorriso para continuar levando a vida adiante.
Nova rotina
Desde que deixou a bancada, Sandra conseguiu desacelerar. O contato com Gloria Maria, colega no "Globo Repórter", ainda é escasso: uma grava em São Paulo e a outra no Rio. Mas a rotina atribulada dos tempos de "JH" se transformou completamente.
Eu corria contra o tempo. Sempre tive uma rotina rígida, horário pra tudo. Agora, tudo mudou. Não foi fácil desacelerar, mas hoje tenho outra relação com o tempo. Se não fizer algo agora, posso fazer amanhã. Tenho um ritmo mais tranquilo de vida. Ainda é uma sensação muito nova, mas estou gostando.
Mais tempo livre também despertou o interesse por outras atividades. Quando conversei com Sandra pela primeira vez, lá em 2016, ela se dizia avessa às redes sociais. Hoje, adora compartilhar parte do seu dia a dia com seus quase 3 milhões de seguidores no Instagram.
Tenho mais tempo agora. É muito interessante 'ouvir as respostas' das pessoas aos meus posts. Sinto que quem me acompanha está em uma 'vibração' parecida com a minha. Mas vivemos tempos muito difíceis, o diálogo está sem conexão? Ninguém tem que pensar igual, mas há que respeitar a opinião do outro.
Mesmo mais antenada às redes sociais, Sandra ainda calcula muito bem o que deve ou não ser postado. No fim do ano passado, fotos suas, chorando pela aprovação da filha em uma universidade americana, acabaram viralizando. Ela não se incomoda de ser a mãe-coruja.
Levei dias para decidir se devia postar ou não. Mas pensei: "Estou tão orgulhosa! Por que não compartilhar com as pessoas essa emoção especial?" Estamos na torcida para que ela consiga ir no meio dessa pandemia. Só de pensar meus olhos enchem d'água. Quero que ela saiba que estarei sempre por perto.
Falando em Elisa, a filha de Sandra com Ernesto Paglia já está com 17 anos e pretende se tornar atriz. Ela ainda é dona de um canal no Youtube, onde compartilha detalhes de seus planos daqui pra frente. "Acho que ela tem aprendido com a gente como lidar com o emaranhado das redes", opina Sandra.
Mulheres no jornalismo
Sandra é unanimidade: a jornalista se tornou exemplo de conduta e de força para outras jornalistas mulheres que seguem tentando conquistar cada vez mais espaço na profissão que, como tantas outras, é dominada por homens. Ela se sente lisonjeada pelo carinho das colegas.
Estamos no mesmo barco, a admiração é mútua. Sou uma defensora do espaço feminino em todas as profissões. Todas sabemos o quanto é difícil ser mulher, o quanto tivemos que lutar para conquistar nosso espaço. O mais importante é continuar nos apoiando e trilhando juntas esse caminho ainda desigual.
Jornalismo em tempos de pandemia
A classe jornalística enfrenta um enorme desafio desde o início da pandemia. Além de atuarem na linha de frente da notícia, os repórteres ainda sofrem ataques nas redes sociais e precisam desmentir notícias falsas.
Nunca o jornalismo foi tão necessário. Prestamos um serviço essencial e ainda combatemos as fake news. Aproveito para exprimir minha mais profunda admiração aos colegas que estão na linha de frente neste momento tão difícil, tanto pela gravidade das notícias, quanto pelos ataques que estão sofrendo.
No momento, Sandra só tem uma expectativa: a de ser vacinada o mais rápido possível!
Todos precisam ser vacinados o mais rapidamente, só assim vamos sair da pandemia. Só penso em manter a saúde física e mental. Gostaria de expressar os meus sentimentos a todas as famílias que perderam um amor para a covid-19. Assim que tudo passar, vou sair abraçando todo mundo.