A melhor coisa do Oscar 2021 foi o fato de ter havido um Oscar em 2021
De Splash, em São Paulo
26/04/2021 01h34
O prêmio de melhor momento do Oscar 2021 vai para...
O fato de ter havido uma cerimônia do Oscar em 2021. Vamos combinar, caro leitor, que ver uma premiação desse porte acontecer presencialmente, no momento em que o Brasil vive a pior fase da pandemia que parou o mundo, já é grande coisa.
Fora isso, a cerimônia que premiou os melhores do cinema de um ano em que o cinema praticamente parou, foi apenas correta —inclusive por manter o distanciamento social entre os indicados aboletados na Union Station, em Los Angeles.
E, sinceramente, tudo bem.
A "festa" dirigida por Steven Soderbergh optou pela sobriedade, sem clima de festa, sem números musicais, sem apresentador fazendo piadas. A sobriedade também imperou entre os indicados, dispostos em mesas, como nos Globo de Ouro de antigamente, mas sem goró (como nos Globo de Ouro de antigamente).
E aqui listamos alguns momentos dignos de nota do Oscar 2021 ? para o bem ou para o mal.
O discurso de Daniel Kaluuya
Premiado como melhor ator coadjuvante por viver Fred Hampton, em "Judas e o Messias Negro", Daniel fez uma bela homenagem ao líder dos Pantera Negras morto pela polícia em 1969. E também celebrou a dádiva de estarmos vivos, ainda mais nesse momento. Isso de forma hilária.
Daniel Kaluuya, ruborizando a mãe na plateia
A maravilhosa Yuh-Jung Youn, de 'Minari'
Se houvesse o prêmio de melhor interpretação de discurso de agradecimento, a melhor atriz coadjuvante por "Minari" também teria faturado essa estatueta. A sul-coreana de 73 anos cantou Brad Pitt, tirou uma onda com a cara dos filhos e da Academia e brilhou.
A emoção de Thomas Vinterberg
Diretor de um dos filmes mais falados da temporada, Thomas Vinterberg emocionou ao receber a estatueta de melhor filme internacional por "Druk". O prêmio foi dedicado a Ida, filha do cineasta que morreu quatro dias antes do início das filmagens, em um acidente de carro.
Thomas Vinterberg, de 'Druk'
Cerimônia enxuta e sem sal
Teve quem sentiu falta dos clipes com cenas dos indicados, houve quem lamentasse o corte dos números musicais. Se com isso o Oscar ganhou agilidade (mas não tanto, já que o tempo dos discursos foi liberado), perdeu em ritmo. A cerimônia foi morna, sem empolgar.
Anticlimax
Nas entrevistas pré-cerimônia, Soderbergh disse querer dirigir o Oscar 2021 como um filme. E a única explicação para a revelação do melhor ator —e não a de melhor filme, a principal categoria da noite— ter ficado por último seria uma vitória póstuma de Chadwick Boseman, o que não rolou.
Ao tentar roteirizar a vida real, Soderbergh caiu numa pegadinha que esfriou por completo uma cerimônia já sem graça. Em vez de encerrar o Oscar 2021 consagrando "Nomadland" como melhor filme, em sua terceira estatueta da noite, o prêmio final ficou com Anthony Hopkins, que não pôde participar.
** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL