20 mulheres acusam Noel Clarke, astro de 'Doctor Who', de assédio sexual

O ator, produtor, roteirista e diretor britânico Noel Clarke, mais conhecido fora do Reino Unido por seu papel como Mickey em "Doctor Who" (2005-2010), foi acusado por 20 mulheres de assédio sexual e bullying. As informações são do The Guardian.

Os incidentes descritos pelas acusadoras teriam ocorrido entre 2004 e 2019, e incluem um leque de comportamentos inapropriados: algumas dizem que Clarke as tocou ou apalpou sem permissão, outras que ele fez comentários sexuais em ambiente de trabalho, e algumas ainda dizem que ele tirou fotos e vídeos sexualmente explícitos delas e compartilhou com colegas de trabalho sem permissão.

Clarke negou as acusações, e disse ao The Guardian que pretende se defender veementemente delas. O ator recebeu, no último dia 10 de abril, um dos principais prêmios honorários da indústria de entretenimento de seu país: o BAFTA por contribuição notável ao cinema britânico.

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Na minha carreira de mais de 20 anos, eu tenho colocado a inclusão e a diversidade como um dos principais valores do meu trabalho, e ninguém nunca reclamou do meu comportamento. Se alguém que trabalhou comigo se sentiu desconfortável ou desrespeitado, eu sinceramente peço desculpas."
Noel Clarke ao The Guardian

'Queria f*dê-la e demiti-la'

Embora mais conhecido por aqui por "Doctor Who", Clarke tem um nome bem estabelecido no Reino Unido. A série de ação "Bulletproof", que ele escreve e estrela desde 2018, é um dos maiores sucessos da emissora britânica Sky, enquanto o seu filme "Juventude Rebelde" (2006) gerou as continuações "Adulthood" (2008) e "Brotherhood" (2016).

Foi justamente no set deste último filme que ele conheceu a produtora Gina Powell, uma das acusadoras. Ela disse ao The Guardian que Clarke constantemente a informava, durante as filmagens, que o seu plano era "f*dê-la e demiti-la".

Em uma ocasião, em 2015, o ator e cineasta teria exposto o seu pênis para a produtora dentro de um carro em Los Angeles (EUA). Quando Powell respondeu recriminando Clarke, ele a criticou, dizendo que a produtora "fez com que ele se sentisse um velhote".

Mais tarde, em outra viagem de carro para uma reunião de trabalho, ele teria apalpado Powell sem permissão e dito que "ela devia aquilo a ele".

Imagens 'comprometedoras'

O ator e cineasta ainda teria se gabado das fotos e vídeos explícitos de outras mulheres que tinha guardados em seu computador, segundo Powell. Uma dessas mulheres seria a atriz Jahannah James, que atuou em "Brotherhood" — as imagens teriam sido gravadas em segredo durante um teste de elenco.

Outra acusação vem de Ieva Sabaliauskaite, assistente de produção no mesmo filme. Ela diz que Clarke tirou fotos dela "em uma posição comprometedora" na pista de dança da festa de encerramento das filmagens.

Ele teria mostrado as imagens, em que a calcinha de Sabaliauskaite estava visível, para colegas de escritório no dia seguinte.

Assédio e bullying

As acusações contra Clarke convergem ao dizer que ele usava o seu poder como produtor, diretor e roteirista de muitos de seus próprios projetos para intimidar, silenciar ou encobrir acusações de assédio.

Uma mulher não identificada, que atuou em "Juventude Rebelde" (que Clarke produziu, escreveu e estrelou), disse que ele tentou beijá-la à força em um dos primeiros dias de filmagem, e que durante todo o resto da produção o assédio foi constante.

Ele era muito mais velho que eu, e tinha escrito o roteiro. Era o filme dele. [...] Fiquei assustada demais para dizer qualquer coisa às pessoas. Ele me chamou para atuar na continuação, mas quando li o roteiro vi que tinha uma cena de sexo com o personagem dele, bem explícita. Quando disse que não faria a cena, ele ameaçou minha carreira: 'Você nunca vai trabalhar de novo nessa indústria'."
Acusadora de Noel Clarke