'The Handmaid's Tale': Ann Dowd, a tia Lydia, promete temporada esperançosa
De Splash, em São Paulo
02/05/2021 04h00
Tia Lydia não está nem um pouco feliz no início da quarta temporada de "The Handmaid's Tale", que estreia neste domingo no Paramount+ e no UOL Play. Ao contrário.
Por isso, mesmo sabendo bem os limites entre realidade e ficção, não deixa de ser um pouquinho surpreendente ouvir o tom carinhoso de sua atriz, Ann Dowd, do outro lado da linha.
Splash entrevistou a atriz poucos dias antes de o Brasil atingir a triste marca de 400 mil mortos pela covid. Logo no começo da conversa, ela lamenta as dificuldades que o Brasil enfrenta na pandemia —— e faz votos de que consigamos avançar na vacinação. Para deixar o coração quentinho.
Ao longo da conversa, ela falou sobre o clima da nova temporada, a relação de Lydia com June (Elizabeth Moss) e o passado de sua personagem. Confira:
Temporada esperançosa
No fim da terceira temporada de "The Handmaid's Tale", June consegue enviar mais de 80 crianças — o "bem" mais precioso do regime totalitário de Gilead — para o Canadá. A série recomeça logo após essa grande vitória da resistência.
Ainda que a brutalidade que marca a série siga muito presente, agora há esperança — uma alegria para June e também para nós, que a vimos sofrer quase sem parar desde a primeira temporada, em 2017.
"É uma temporada muito esperançosa", diz Ann. "E nós valorizamos muito os fãs que continuaram conosco até agora, porque não foi fácil".
A atriz diz que ela mesma foi pega de surpresa pelo roteiro da nova temporada: "É simplesmente brilhante". A série, vale lembrar, foi criada por Bruce Miller a partir do livro "O Conto da Aia", de Margaret Atwood, mas já ultrapassou os eventos imaginados pela autora.
Lydia x June
O que não surpreende é que as opiniões de Lydia sobre June não sejam as melhores neste início. "Levar as crianças, para Lydia, é a maior traição possível", reflete Ann. "Na perspectiva dela, June não se importou em ter arrancado essas crianças dos lares que elas tinham em Gilead".
Mas, para a atriz, também há amor da tia por June. "Há uma admiração entre as duas, embora Lydia nunca vá dizer isso".
Na vida real, a relação de Ann e Elizabeth Moss é só amor.
A veterana inclusive é só elogios à colega, que estreou no cargo de diretora ao assumir três episódios da nova temporada. Isso inclui o terceiro, que guarda alguns momentos bem importantes para as personagens de ambas.
"Ela é uma diretora fenomenal", diz Ann. "Eu amo essa mulher em vários níveis, nós trabalhamos bem juntas, confiamos uma na outra. É um privilégio trabalhar com ela".
O passado de tia Lydia
A conversa também se voltou à própria Lydia, que teve seu passado revelado pela primeira vez na terceira temporada.
Antes de Gilead, ela era uma professora de educação infantil, já muito religiosa, e se voltou contra uma amiga, uma jovem mãe solteira, após ter avanços sexuais rejeitados por seu interesse amoroso, um homem viúvo.
Para Ann, o flashback ajudou a compreender Lydia melhor. "Ela parece ter sido criada em um lar muito repressivo em relação a muitas coisas, principalmente o sexo —como muitas vezes a religião faz", afirma ela, que disse ter ficado "de coração partido" com a história.
No fim, avalia, Gilead deu a Lydia uma espécie de propósito que se alinhava com as crenças que ela já tinha antes.
"Gilead diz que ela tem a chance de fazer algo significativo, que ela pode se redimir ajudando a trazer bebês à vida", diz Ann. "Pode ser difícil acreditar, mas como Margaret diz, nada na história é inventado, tudo já aconteceu em algum lugar deste mundo".