Autor de Milla processa Carla Zambelli em R$ 200 mil por vídeo de Netinho
O compositor de "Milla", Manno Góes, entrou com uma ação na Justiça contra a deputada Carla Zambelli (PSL-SP) por danos morais e materiais. Ele pede um total de R$ 200 mil em razão de um vídeo compartilhado por ela em que o cantor Netinho entoa o refrão da canção em um ato de apoio ao presidente Jair Bolsonaro (sem partido).
A confusão começou depois que a deputada compartilhou o vídeo em seu canal do YouTube. As imagens mostram Netinho cantando 'Milla' durante um ato da direita na Avenida Paulista, em São Paulo, no último sábado (1). Antes de processar Zambelli, Góes pediu por meio de seu advogado que a parlamentar retirasse o vídeo do ar.
"Ela disse que ia pensar, mas não tirou o vídeo", afirmou Góes ao UOL. "Então a gente entrou com uma ação ontem à noite."
O pedido é de R$ 100 mil por danos morais e R$ 100 mil por danos patrimoniais. Ele explica que a música "está em uma editora vinculada à Sony Music que não permitiu o uso da música na manifestação". Já os os R$ 100 mil por danos morais se deve à associação do autor da música ao ato antidemocrático.
"O Netinho pode tocar e cantar 'Milla' em seus shows, onde ele quiser. O problema é a veiculação da música, sem autorização do autor, a um ato político oposto ao que acredito", afirmou Góes.
Eu não quero minha música alinhada a um pensamento antidemocrático, pedindo intervenção ao STF (Supremo Tribunal Federal)
Manno Góes, músico e compositor
Para o compositor, o processo simboliza duas lutas: a política e a musical.
"É importante para discussão dos direitos autorais. Compositores bolsonaristas podem não se importar, mas é um direito do autor não querer ter sua musica associada à política. E do ponto de vista dos autores, é uma grande falta de respeito as pessoas usarem as músicas como bem entenderem", diz Góes.
O silêncio de Ivete
Muito associada a Netinho, a canção será agora regravada por Daniela Mercury. "Milla vai entrar no circuito com uma nova voz, um divisor de águas na axé music, que é a Daniela, a rainha", diz Góes, que também comentou o silêncio sobre política de outra lenda do axé, a cantora Ivete Sangalo.
"A Ivete é uma representante de muita força no axé, que optou pela carreira toda em passar distante de polêmicas", disse. "Não posso dizer que ela tem a mesma postura que a Daniela, o que é um direito."
O papel do artista deveria ser sempre participativo. A arte é transformadora, mas ninguém pode exigir esse comprometimento de alguém
Manno Góes, músico e compositor
Procurada, a assessoria da Zambelli informou que enviará resposta assim que a dispuser.
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