'Caso Evandro': Celina Abagge diz ter sido estuprada para confessar crime
De Splash, em São Paulo
21/05/2021 13h46
Mais dois episódios do "Caso Evandro", série de direção de Aly Muritiba baseada no podcast de Ivan Mizanzuk, chegaram ao Globoplay essa semana e mostram os relatos de Celina e Beatriz Abagge. A mulher e a filha do então prefeito de Guaratuba (PR) foram acusadas de matar Evandro, de 6 anos, em 1992.
Os sete acusados do crime, incluindo Celina e Beatriz, haviam sido presos por supostamente terem matado Evandro para usar as vísceras do menino em um ritual satânico.
Agora, a série mostra o desenrolar do caso.
Após as prisões, a imprensa e o advogado de defesa repercutiram um outro possível lado da história.
Celina, Beatriz e os outros cinco acusados, incluindo Osvaldo Marcineiro, o tal pai de santo, teriam sido torturados para confessar o crime brutal.
A série agora traz as divergências que ocorreram naquela investigação, em 1992, comandada pelo grupo Águia, da polícia militar do Paraná. E também a falta de provas.
Na época, a maior parte das evidências foram entregues para o Ministério Público por Diógenes Caetano dos Santos Filho, primo de Evandro, ex-policial e filho de outro ex-prefeito de Guaratuba.
A partir daí, a polícia realizou as prisões dos acusados.
Celina e Beatriz, inocentadas pelo crime após um longo julgamento, concederam depoimentos para a série.
Elas reforçam a tese de que sofreram perseguição política e relatam erros tanto na investigação policial como na decisão judicial.
Celina revelou, pela primeira vez, ter sido estuprada pelos policiais militares para ser forçada a confessar que cometeu o crime.
Com os olhos cheios de lágrimas, e tampando o rosto, ela relembra a tortura que viveu.
O relato é forte e pode despertar gatilhos.
Por esse motivo, Celina afirmou que nunca mais teve relações sexuais com o marido. E que não havia revelado antes porque tinha medo de a família se revoltar.
Já a filha de Celina, Beatriz, diz que foi estuprada por mais de um policial militar.
Os outros cinco acusados também disseram ter sido torturados para confessar o crime.
Osvaldo Marcineiro e Davi dos Santos Soares relatam que os policiais os levaram para a casa de veraneio do ditador paraguaio Alfredo Stroessner, localizada em Guaratuba.
O ditador
Importante saber
Stroessner, que morreu em 2006, foi um dos ditadores mais sanguinários da América Latina. Ele era um simpatizante do nazismo e também foi comprovado que era um pedófilo.
Jair Bolsonaro homenageou o ditador, em 2019: "Homem de visão e estadista".
O que, de fato, aconteceu com o menino Evandro e Leandro Bossi, outra criança desaparecida na época?
Essa e outras perguntas serão abordadas nos próximos episódios da série, que chegam na semana que vem no Globoplay.