Risos em cena tensa, efeitos reais: como é o set de 'O Esquadrão Suicida'
Vestida com o vermelho e preto tradicionais de Arlequina, Margot Robbie para em meio a uma fala e começa a rir. Ela, Idris Elba, Joel Kinnaman e outros colegas de "O Esquadrão Suicida" gravam uma cena divertida, mas difícil, do novo filme dirigido por James Gunn —que chega aos cinemas do Brasil em 5 de agosto.
E não dá para julgar. Arlequina, Sanguinário (Elba) e Rick Flag (Kinnaman) se revezam rapidamente em meio a ameaças ao Pensador, personagem de Peter Capaldi —e vão do sério ao hilário bem rápido.
"Se o plano der errado, você morre"; "se você nos der alguma informação falsa, você morre"; "Se você tossir sem cobrir a boca...", emenda a anti-heroína, depois de soltar uma (ótima) sequência de absurdos.
James Gunn, o diretor, sabe que não é fácil:
Tem muita coreografia nessa cena, mas o lado bom é que Idris, Joel e Margot estavam meio que dançando. Então foi até que simples, considerando quão complexo é.
Entre cortes e intervalos, a gravação —acompanhada por Splash— leva cerca de seis horas. O cenário? Uma espécie de terraço em ruínas, uma ilha em meio a um mar de tela azul em enorme complexo de estúdios em Atlanta, que também já abrigou filmes como "Vingadores: Ultimato".
A seguir, contamos tudo o que descobrimos nos bastidores do filme.
Sequência? Não é bem assim...
Vamos tirar uma coisa da frente: "O Esquadrão Suicida" não é uma sequência de "Esquadrão Suicida", filme de David Ayer lançado em 2016. E isso não somos nós que estamos dizendo, mas sim o produtor Peter Safran:
Definitivamente não é uma sequência de 'Esquadrão Suicida' e não é um reboot por completo. É simplesmente a visão de James Gunn para 'O Esquadrão Suicida'.
Sentiu a diferença com o artigo? Para garantir isso, não há nada que conecte os filmes —mas também não há nada que contradiga diretamente o anterior.
Isso tem a ver com a trajetória do projeto. O primeiro filme do time de vilões não agradou a crítica, e parte do público não embarcou em elementos-chave do longa, como o Coringa de Jared Leto. Mas ele se saiu bem nas bilheterias, arrecadando US$ 746 milhões.
Por isso, dá para entender o porquê de a DC e Warner terem aproveitado a chance para renovar a marca quando Gunn —que já havia criado um time de desajustados com "Guardiões da Galáxia" na rival Marvel— ficou temporariamente disponível após ser dispensado pela Disney em meio a uma polêmica causada por tuítes antigos.
O diretor foi recontratado meses depois para o terceiro filme dos "Guardiões", mas, a essa altura, já havia sido escalado para tocar o projeto do novo "Esquadrão", para o qual teve muita liberdade criativa. "Era muito importante, para James, que ele tivesse uma tela em branco e não ficasse preso ao que veio antes", diz Safran.
Os novos personagens
A liberdade de Gunn se estendeu ao uso de personagens da DC. O cineasta trouxe vários novos rostos, incluindo Pacificador (John Cena), Rei Tubarão (voz de Sylvester Stallone) e a Caça-Ratos (a portuguesa Daniela Melchior).
Fã assumido dos quadrinhos do Esquadrão escritos por John Ostrander nos anos 1980, Gunn jura de pés juntos que foi fácil escolher quem queria trazer para a Força-Tarefa X. Ele diz que buscou figuras que ama, mas que também são um pouco ridículas (palavras dele).
Foi o caso, por exemplo, do Bolinha (David Dastmalchian).
Eu procurei na internet: 'qual é o personagem mais ridículo da DC'? E era o Bolinha. Eu sabia que ele seria ótimo, então transformamos esse personagem triste e patético em um personagem que é realmente depressivo e tem uma história trágica. Poder dar profundidade a personagens considerados ridículos e bobos foi muito divertido.
E houve um claro esforço para manter o segredo em torno das novas caras.
Além dos documentos que esta repórter teve de assinar prometendo não contar nada do que viu antes da data com o estúdio, a produção ainda afirmou que Idris Elba interpretaria o Vigilante, um nome que circulava desde setembro de 2019, dois meses antes da nossa visita ao set. O real papel de Idris, o Sanguinário, só seria revelado em agosto de 2020, no DC FanDome, espécie de comic-con online promovida pela Warner.
Um filme de guerra...
A premissa de "O Esquadrão Suicida" é bem parecida com a de seu antecessor: um time de vilões é recrutado por Amanda Waller (Viola Davis) para uma operação militar com grandes chances de dar errado. "Eles são considerados incrivelmente descartáveis", diz Gunn.
Desta vez, o destino é Corto Maltese, uma ilha fictícia próxima da Argentina, locação que apareceu pela primeira vez na DC em "Batman - O Cavaleiro das Trevas", de Frank Miller, inspirada no personagem de Hugo Pratt. O Esquadrão tem de destruir uma instalação militar americana antes que os militares locais, que acabaram de dar um golpe, descubram os segredos escondidos por lá.
O tom, conta Gunn, é muito inspirado por filmes de guerra com um toque de humor, como "Os Doze Condenados" (1967) e "Os Guerreiros Pilantras" (1970).
É um gênero que praticamente desapareceu das telas, então poder criar uma história dessa com gente usando fantasias engraçadas tem sido ótimo.
...com efeitos práticos
Para contar essa história, Gunn não se contentou com efeitos especiais computadorizados: ele priorizou os efeitos práticos, aqueles que exigem criar cenários elaborados (e enormes). Um dos galpões do Pinewood Studios, por exemplo, foi transformado em uma praia, cenário de uma das primeiras cenas do longa.
"Foram 79 metros de areia, milhares de árvores", conta Safran. "Também tínhamos um tanque gigante com máquinas de ondas, para que os atores pudessem ser jogados na água e ir para a areia". A ideia, diz ele, era inspirada em outro filme de guerra: "O Resgate do Soldado Ryan" (1998).
Para Margot Robbie, a experiência de filmar com esse tipo de efeito foi "um privilégio".
Nessa sequência na praia, estava correndo na areia e havia explosões ao nosso redor, como em uma zona de guerra. É uma loucura. Você não consegue replicar fielmente suas reações a algo explodindo na sua cara, mesmo sabendo o tempo exato.
Falando nela...
Se as reações ao "Esquadrão Suicida" de 2016 foram divididas, pelo menos uma unanimidade tivemos: a Arlequina de Margot Robbie, que ganhou um filme próprio em 2020 com "Aves de Rapina: Arlequina e sua Emancipação Fantabulosa".
A essência da personagem continua a mesma no novo filme. "Ela é uma psicopata adorável", garante a atriz, que vê a Arlequina, mais uma vez, como uma "catalisadora do caos" na sequência de eventos envolvendo o grupo.
Sempre disse que deixar Arlequina sozinha seria como deixar uma criança no parque sozinha. Nunca vai ser tão divertido sem gente para brincar. A personalidade dela sempre se destaca no grupo, porque ela tem pessoas para brincar, alfinetar, se apaixonar ou apunhalar. É sempre imprevisível.
E não, o relacionamento dela com o Coringa, não tem nenhuma influência no novo filme, segundo Robbie: "Ela já colocou isso para trás". Isso não quer dizer, porém, que a personagem não vá se envolver com ninguém agora. Ao ser questionada sobre um possível novo romance de Arlequina, a atriz desconversou. "Não quero entregar nada", disse. Será que vem aí?
*A repórter viajou a convite da Warner Bros.
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