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Max Cavalera, ex-Sepultura, segue revoltado em disco com o filho

Max Cavalera, Igor Amadeus e Zach Coleman: o Go Ahead and Die Jim Louvau

De Splash, em Santos

01/07/2021 04h00

Max Cavalera, 51 anos, que fundou o Sepultura nos anos 80 ao lado do irmão Iggor, volta a trabalhar em família em um projeto recém saído do forno.

Go Ahead and Die (vá em frente e morra, em tradução livre).

O vocal e guitarrista está animadão por retornar às raízes "podreiras" ao formar uma banda e gravar um novo disco durante a pandemia ao lado do filho, Igor Amadeus Cavalera, 26. Para ele, fazer música com Igor é "um sonho realizado".

Alívio criativo

O nome do grupo, que também batiza o disco, é direto e agressivo.

Max, que mora nos EUA há quase 30 anos, diz que tocar o projeto salvou sua sanidade mental durante a pandemia.

Estava em turnê com o Soulfly uma semana antes de fechar tudo. Nos primeiros seis meses, estava ficando louco. Daí, fiz esse projeto, que me salvou e me manteve criativo.
Capa do primeiro disco do Go Ahead and Die, que leva o nome da banda Imagem: Reprodução

Direto e reto

A sonoridade do disco é uma porrada: um thrashcore direto sem solos e sem firulas. As influências são bandas de death metal, thrash e hardcore dos anos 80. As letras, antenadas com o mundo atual, metem o pau no racismo, na violência policial e na desigualdade.

80% das letras são do Igor. Falam sobre o que está ao redor da gente. Tenho esperança de que as coisas melhorem. Nos EUA, melhorou com a saída do Donald Trump [da presidência].

Questionado sobre o que pensa do governo brasileiro, Max despista. Diz que não tem muito conhecimento sobre a política do país e que "todos os governos pisaram na bola" durante a pandemia.

O single 'Truckload Full of Bodies':

Imersão criativa

Max conta que o projeto nasceu quando Igor foi passar a pandemia com ele e a mulher, Gloria, em sua residência, em Phoenix.

Na Flórida, onde o Igor mora, o isolamento estava relaxado. Tinha muito apoiador do Trump e eu disse para ele vir para cá. Ele veio e acabamos fazendo um disco.

Max conta que ele e o filho iam de dois a três dias por semana na casa que ele tem no deserto, a uma hora de Phoenix. Eles passavam o dia tocando e falando sobre metal durante o dia e assistindo a filmes de terror à noite.

Dessas sessões nasceram as demotapes do disco.

O single 'Toxic Freedeom':

Gloria, que é empresária de Max, empolgada ao ouvir o som, levou as demos à Nuclear Blast Records, e a gravadora topou lançar um disco da dupla. Juntou-se à banda o baterista Zach Coleman, da banda Khemmis, e eles entraram em estúdio para gravar.

Eu queria que as pessoas sentissem, ao ouvir o álbum, que ele está na coleção de discos desde 87. Fizemos com o menor uso de tecnologia possível: na raça, na porrada, toscamente.

Max, a propósito, é averso à novas tecnologias. Ele não tem celular e nem computador (a conversa com Splash aconteceu por meio do notebook de Gloria) e acredita viver bem sem essas ferramentas do mundo moderno.

O single 'Road Kill':

Família metaleira

Igor Amadeus não é o único músico entre os cinco filhos de Max e Gloria. Zyon, 28, e Richie, 35, também já colaboraram com Max em projetos musicais.]

O fundador do Sepultura diz que não ensinou instrumentos aos filhos e crê que se os forçasse a aprender, eles não quereriam tocar.

No entanto, ele afirma que, aos domingos, fora da pandemia, costuma ser o DJ das reuniões familiares. E a tracklist é basicamente som pesado.

Eu só coloco metal para tocar no quintal. No máximo, Chico Science, Paralamas ou um pouco de dub. O Igor desde pequeno se identifica comigo no metal. Temos uma conexão espiritual.

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