Filha de Bruce Lee volta a atacar Tarantino: 'Cansada de brancos'
Shannon Lee, filha do ator Bruce Lee, mostrou mais uma vez seu descontentamento com a forma como seu pai foi retratado no filme "Era uma vez em... Hollywood". Na obra do diretor Quentin Tarantino, Lee (interpretado por Mike Moh) se sente ofendido quando o dublê Cliff Booth (Brad Pitt) zomba dele por acreditar que era capaz de vencer Muhammad Ali em uma luta. Lee então desafia Cliff para um combate e perde, sendo arremessado em um carro.
Shannon já havia se manifestado dizendo que o filme era desrespeitoso com seu pai, o que outros fãs concordaram. Em uma entrevista para o podcast The Joe Rogan Experience, Tarantino falou sobre a polêmica. "Eu consigo entender a filha dele ter um problema com isso [a maneira como Lee foi interpretado]. É a p*rra do pai dela, eu entendo. Mas qualquer pessoa, vá chupar um p**!".
A resposta de Shannon ao recente depoimento do diretor veio em uma coluna publicada no The Hollywood Reporter. "Como vocês já sabem, a forma como Bruce Lee foi retratada em 'Era uma vez em... Hollywood' pelo Sr. Tarantino, na minha opinião, foi pouco fiel e desnecessária, para dizer o mínimo (por favor, não vamos culpar o ator Mike Moh. Ele fez o que pôde com o que lhe foi dado). E embora eu esteja grata que o Sr. Tarantino reconheceu tão generosamente a Joe Rogan que eu posso ter meus sentimentos sobre sua representação de meu pai, eu também sou grata pela oportunidade de expressar isto: estou cansada pra c*ralho de homens brancos em Hollywood tentando me dizer quem era Bruce Lee", escreveu a filha do ator.
"Estou cansada de ouvir de homens brancos de Hollywood que ele era arrogante e um c*zão, quando eles não têm ideia e não conseguem entender o que pode ter sido necessário para conseguir trabalho em Hollywood nos anos 1960 e 1970 como um homem chinês com um (Deus o livre) sotaque, ou tentar expressar uma opinião em um set de filmagens visto como um estrangeiro e uma pessoa de cor", continuou Shannon. "Estou cansada de homens brancos de Hollywood confundindo sua confiança, paixão e habilidades por arrogância e, logo, achando necessário marginalizá-lo, assim como suas contribuições. Estou cansada de homens brancos de Hollywood acharem muito desafiador acreditar que Bruce Lee pode ter sido bom no que ele fazia e que talvez sabia fazê-lo melhor que eles".
"Estou cansada de ouvir de homens brancos de Hollywood que ele não era um lutador de artes marciais e que só fazia isso para os filmes. Meu pai vivia e respirava artes marciais. Ele ensinava artes marciais, escrevia sobre artes marciais, criava sua própria arte marcial", reforçou. "E, já que estamos aqui, estou cansada de me dizerem que ele não era americano (ele nasceu em São Francisco, Califórnia), que ele não era amigo de James Coburn, que ele não era bom com os dublês, que ele saía chamando as pessoas para brigas em sets de filmagens, que minha mãe disse em seu livro que meu pai acreditava que ele venceria Muhammad Ali (não é verdade), que tudo o que ele queria era ser famoso".
Mas Shannon fez uma ressalva: "Claro, isso não se aplica a todos os homens brancos de Hollywood. Eu trabalhei com alguns colaboradores e parceiros maravilhosos. Mas encontrei muitos deles ao longo dos anos (e não só em Hollywood) que querem explicar Bruce Lee para mim e usar Bruce Lee quando e como lhes agradam sem reconhecer sua humanidade, seu legado ou sua família".
"Também não estou dizendo que ninguém está autorizado a ter uma opinião negativa de Bruce Lee. Estou dizendo que sua opinião pode estar colorida por um viés pessoal ou cultural, e que existe um padrão. Apenas note o padrão em todas as pessoas que o Sr. Tarantino cita no caso que ele levanta contra o meu pai", sugeriu.
"Eu entendo o que o Sr. Tarantino estava tentando fazer. De verdade. Cliff Booth é um f*dão e consegue meter a porrada no Bruce Lee. Desenvolvimento de personagem. Eu entendo", escreveu Shannon. "Eu só acho que ele poderia ter feito isso de uma maneira muito melhor. Mas, em vez disso, a cena que ele criou foi apenas uma destruição desinteressante de Bruce Lee, quando não precisava ser. Foi a Hollywood branca tratando Bruce Lee como, bem, a Hollywood branca o tratou - como um estereótipo dispensável".
"Sr. Tarantino, você não precisa gostar do Bruce Lee. Eu realmente não me importo se você gosta dele ou não. Você fez o seu filme e agora, claramente, você está promovendo um livro. Mas pelo interesse de respeitar outras culturas e experiências que você talvez não entenda, eu encorajaria você a evitar fazer mais comentários sobre Bruce Lee e reconsiderar o impacto de suas palavras em um mundo que não precisa de mais conflitos e menos heróis culturais", finalizou.
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