Aplausos, vaias e Brasil premiado: tudo o que rolou no Festival de Cannes
De Splash, em São Paulo
17/07/2021 04h00
Chega ao fim neste sábado a 74ª edição do Festival de Cannes. O evento mais importante do mundo da sétima arte retornou ao Palais des Festivals, na França, após o cancelamento da edição de 2020 em virtude da pandemia da covid-19.
O júri, presidido por Spike Lee, é o que havia sido escolhido para a edição que não aconteceu no ano passado, e é um belo exemplo de representatividade global.
Junto ao cineasta de "Ela Quer Tudo" (1986), os responsáveis pela escolha dos vencedores são o ator Song Kang-ho ("Parasita"), a cineasta Mati Diop, de "Atlantique", e o nosso próprio Kleber Mendonça Filho, que agitou Cannes em 2019 com "Bacurau".
O festival já começou rendendo manchetes quando Spike Lee chamou o presidente Jair Bolsonaro de "gângster", logo na cerimônia de abertura.
Spike Lee, no Festival de Cannes 2021
Neste ano, o filme mais chocante foi "Titane", da francesa Julia Ducournau. Seu longa anterior, "Grave", já havia provocado fortes emoções, com a história de uma caloura de veterinária que, após o trote, desenvolve um gosto peculiar por carne humana.
Pois é.
Em "Titane", Julia conta a história de uma jovem que tem uma placa de titânio na cabeça. Ela decide fingir ser o filho de um trabalhador local, desaparecido há 10 anos. E o resto é mistério.
As reações da crítica foram para todos os lados.
David Ehrlich, crítico do IndieWire
Mas o filme que abalou corações mesmo foi "A Crônica Francesa", de Wes Anderson.
O longa com Timothée Chalamet, Tilda Swinton, Frances McDormand, Bill Murray e grande elenco rendeu belas fotos no Tapete Vermelho, que viraram até meme.
"A Crônica Francesa" é descrito como uma "carta de amor aos jornalistas", e se passa na fictícia sucursal francesa de um jornal norte-americano.
Seja ou não por isso, o longa conquistou os presentes e foi aplaudido por nove minutos.
Como assim, Brasil?
Em Cannes, quanto maior o tempo de aplauso, maior o sucesso do filme. Em 2006, "O Labirinto do Fauno", de Guillermo del Toro, foi ovacionado por 22 minutos. "Carol" (2015), "Capitão Fantástico" (2016) e Infiltrado na Klan (2017) fizeram o público bater palmas por 10 minutos.
Mas nem todo mundo agrada assim.
O longa "France", de Bruno Dumont ("Joana D'Arc) foi o primeiro a receber vaias este ano. Estrelado por Léa Seydoux, o filme não agradou a crítica e foi descrito como "niilista" e "desagradável".
Léa Seydoux, inclusive, não teve a melhor das experiências com o festival. Ela está no elenco de quatro filmes selecionados ("A Crônica Francesa", "France", "Deception" e "Story of my Wife"), mas precisou ficar em casa.
Isso porque a atriz foi diagnosticada com covid-19, e foi a grande baixa do maior encontro da cinefilia mundial. E, para completar, "Deception" e "Story of my Wife " passaram sem grandes impressões.
E o Brasil?
Além de Marina Ruy Barbosa e Bruna Linzmeyer terem desfilado pelo tapete vermelho da Croisette, rolou prêmio também.
O curta-metragem "Cantareira", de Rodrigo Ribeyro, ganhou o 3º lugar da mostra Cinéfondation, que dá apoio a jovens cineastas do mundo inteiro e é uma importante vitrine.
Os grandes vencedores são deliberados ainda neste sábado.