Rodrigo Sant'Anna evita comparação com Paulo Gustavo, mas diz: 'Era genial'
De Splash, em Santos
19/07/2021 12h45Atualizada em 19/07/2021 12h48
Rodrigo Sant'Anna é hoje uma da principais forças do humor na TV brasileira.
O ator, que interpretou a carismática Valéria no "Zorra Total" (TV Globo) e estreia hoje a nova temporada de "Tô de Graça" (Multishow), faz questão de se posicionar publicamente como artista gay e milita pela causa.
Ele, porém, prefere evitar comparações com Paulo Gustavo, que morreu em maio.
Eu fico super lisonjeado pela comparação, mas não me sinto à vontade para falar sobre isso. Ambos somos conhecidos por interpretar personagens femininos, sermos assumidamente gays, casados com homens e ter orgulho por sermos quem somos. É uma referência para mim.
Militante
Rodrigo diz que considera a arte como uma ferramenta para educar pessoas sobre tolerância.
Uso a ferramenta do humor para explicar por que é normal uma relação homossexual. Foi uma batalha dentro de casa. Eu beijei meu namorado, e minha mãe achou estranho. Eu disse a ela que se não tiver liberdade em casa, seria hostilizado em qualquer outra situação. Ela entendeu, mas foi uma conquista.
Nova temporada
Rodrigo é roteirista de "Tô de Graça", e diz que, tendo crescido no Morro dos Macacos, no Rio de Janeiro, quis abordar questões que fugissem do tráfico de drogas e da criminalidade das comunidades carentes, presentes em filmes como "Tropa de Elite" e "Cidade de Deus".
Na nova temporada do humorístico, existem grandes mudanças na vida de Graça e da comunidade, com a construção de um conjunto habitacional no entorno dela. A inspiração para a história se baseou na experiência pessoal do artista.
Viver em um conjunto habitacional era um objeto desejo. Eu morava em uma casa humilde, e estava sendo construído um prédio novo no meio da comunidade. Eu brinco com essa situação do passado.
Ele afirma que goste de contar as histórias de sua vida por meio do humor, e fica contente por poder homenagear as mulheres de sua vida.
Influência feminina
Rodrigo, que se considera uma pessoa tímida, diz que descobriu sua forma de fazer humor por meio das mulheres com que cresceu.
Eu fui absorvendo a influência sem perceber. Para surpresa da minha família, disse que queria ser ator. Quando fui para o teatro, percebi que tinha muitas histórias para contar, todas a histórias das mulheres da minha família.
Internação
Rodrigo foi internado em maio por complicações da covid-19 e é uma voz crítica em relação ao governo de Jair Bolsonaro, pela forma com que lidou com a pandemia.
Eu sobrevivi, mas senti que faria parte daquela estatística final, angustiante. Há um desalento por saber como age o governo. Você não se sente amparado; as vacinas não acontecem.
Planos
Casado com o roteirista Júnior Figueiredo, ele espera adotar uma criança no futuro próximo. E diz que tem como meta "ser feliz", como qualquer outra pessoa, famosa ou não.
Eu planejo as mesmas coisas que a Juliana Paes e o marido, a mesma coisa que Deborah Secco e o marido. Acho importante normatizar nossa existência, como casais gays como a de qualquer outro casal.