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Eric Clapton se recusará a fazer shows em locais que exijam vacina

Eric Clapton se posicionou contra as medidas de contenção da covid-19 - Creative Commons
Eric Clapton se posicionou contra as medidas de contenção da covid-19 Imagem: Creative Commons

De Splash, em São Paulo

21/07/2021 17h23Atualizada em 22/07/2021 16h30

O guitarrista Eric Clapton, de 76 anos, voltou a se manifestar de forma contrária às medidas de prevenção contra a covid-19. Após compôr música contra o lockdown e causar espanto com relato negativo sobre os efeitos da vacina da Oxford/AstraZeneca, o músico declarou que não irá fazer shows em locais que exijam vacinação do público.

De acordo com à revista "Rolling Stone", Eric Clapton declarou para o cineasta Robin Monotti, por meio do aplicativo de mensagens Telegram, que irá se recusar a tocar em shows onde haja exigência da comprovação da vacina.

"Após o anúncio do primeiro-ministro [Boris Johnson] na segunda-feira, 19 de julho de 2021, sinto-me na obrigação de fazer um anúncio pessoal: Desejo dizer que não me apresentarei em nenhum palco onde haja um público discriminado presente. A menos que haja providências para que todas as pessoas compareçam, eu me reservo o direito de cancelar o show", escreveu.

O posicionamento de Clapton foi manifestado após o primeiro-ministro britânico Boris Johnson declarar que casas noturnas inglesas e outros estabelecimentos com grandes públicos exigirão que seus clientes apresentem prova de vacinação completa a partir do fim de setembro.

Música contra o lockdown

Em novembro do ano passado, Eric Clapton trabalhou ao lado de Van Morrison e lançaram a canção "Stand and Deliver" como forma de protestar contra as medidas de isolamento social contra o coronavírus. Eles alegavam temer que o mundo da música sofresse drásticas mudanças com a parada momentânea dos grandes eventos.

"Há muitos de nós que apoiam Van e seus esforços para salvar a música ao vivo; ele é uma inspiração. Precisamos nos destacar e sermos levados em conta, porque precisamos encontrar uma forma de sair dessa bagunça. Nem quero pensar na alternativa. A música ao vivo pode nunca mais se recuperar", declarou Clapton, em entrevista à revista "Variety".

O dinheiro arrecadado com a canção foi destinado para o fundo "Lockdown Financial Hardship" com o objetivo de ajudar músicos que passam por dificuldades para trabalhar em decorrência da pandemia.

Declaração polêmica

Logo após o lançamento da música contra o isolamento social, internautas resgataram um discurso racista e anti-imigração de Clapton, em 1976. Na época, durante um show em Birmingham, na Inglaterra, ele criticou a entrada de imigrantes no país e usou argumentos citando a visão do político de extrema-direita Enoch Powell.

"Há algum estrangeiro aqui hoje à noite? Eu acho que vocês devem todos sair. Não só sair do show, mas deixar o país... Eu acho que Enoch está certo e devemos mandá-los todos de volta... Evite que a Grã-Bretanha se torne uma colônia negra. Mantenha-na branca", disse o músico.

Três meses após a polêmica, o guitarrista fez um desagravo em entrevista à revista "Sounds", dizendo que não era ligado a política e que nem sabia quem era o primeiro-ministro de seu país. O artista ainda classificou seu ato como "estúpido", mas afirmou que foi "divertido".

Drama após vacina

Em maio, após receber a vacina Oxford/AstraZeneca como medida de prevenção da Covid-19, o guitarrista acabou sofrendo com reações negativas no corpo e escreveu uma carta a um amigo alegando frustração por ter se iludido com as "propagandas que diziam que ele estaria seguro após a vacinação".

Eu tomei a primeira injeção de AZ e imediatamente tive reações graves que duraram dez dias. Eu finalmente me recuperei e disseram que faltariam doze semanas para o segundo... Cerca de seis semanas depois, recebi a oferta e tomei a segunda dose do AZ, mas com um pouco mais de conhecimento dos perigos. Desnecessário dizer que as reações foram desastrosas, minhas mãos e pés estavam congelados, dormentes ou queimando, e praticamente inúteis por duas semanas, eu temi nunca mais tocar, (eu sofro de neuropatia periférica e nunca deveria ter chegado perto da agulha). Mas a propaganda dizia que a vacina era segura para todos.

O Splash conversou com Renato Kfouri, diretor da SBIm (Sociedade Brasileira de Imunizações), e esclareceu que o efeito adverso apontado por Clapton é extremamente raro de acontecer. "No universo dos milhões de doses que já foram aplicadas no mundo todo, os casos relatados foram poucos", afirmou o especialista.

Fake News sobre infertilidade

Após se recuperar das reações negativas da vacina, Clapton voltou a polemizar ao questionar questionando a eficácia do imunizante e insinuar, sem nenhuma comprovação científica, que o medicamento poderia estar causando a infertilidade na população.

"Meu medo da vacinação é o que isso fará com minhas crianças. Parte do motivo, talvez a maior razão pela qual estou falando aqui com você, é para dizer para minhas filhas sobre como elas talvez não possam ter filhos um dia, elas provavelmente não se importam a essa altura da vida", disse em entrevista à Oracle Films.

A alegação, no entanto, se trata de uma fake news. Em entrevista à "BBC", a professora de obstetrícia da Universidade King's College, em Londres, e porta-voz do Royal College de Obstetras e Ginecologistas britânicos, Lucy Chappell, foi clara sobre o tema: não há "nenhum mecanismo biológico plausível" pelo qual uma vacina poderia afetar a fertilidade.

Exclusão

Os posicionamentos contrários as medidas de prevenção a covid-19 fizeram Eric Clapton passar a ser ignorado por outros colegas de profissão. Em entrevista concedida a um canal do YouTube, no mês passado, o músico afirmou que seus colegas não querem ser associados a ele após seus posicionamentos polêmicos.

Tentei entrar em contato com colegas músicos. Eles não me respondem mais. Meu telefone não toca com frequência. Não recebo mais mensagens e e-mails. É bem perceptível.