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Marvel, as séries não são apenas um anexo dos filmes

Wanda (Elizabeth Olsen) chora no episódio final de 'WandaVision'
Wanda (Elizabeth Olsen) chora no episódio final de 'WandaVision'
Marvel Studios/Divulgação

De Splash, em São Paulo

26/07/2021 04h00

Quando a Marvel Studios anunciou que as séries de TV fariam parte de verdade do Universo Cinematográfico, muita gente achou que elas deixariam de ser o patinho feio do estúdio.

Depois de "WandaVision", "Falcão e o Soldado Invernal" e "Loki", fica a pergunta:

Será que deixaram mesmo?

Uma característica marcante do Universo Cinematográfico Marvel é o fato de as histórias funcionarem como vários mosaicos que vão se encaixando para formar uma grande figura.

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Por exemplo, é possível que você assista a "Pantera Negra" (2018) sem ter visto "Capitão América 3" (2016). Mas ali no finzinho, na já tradicional cena pós-crédito, a turma de Kevin Feige planta uma sementinha para que o público se interesse pela história seguinte.

É assim que eles te fisgam.

Com as séries, não é muito diferente. Cada uma —das vistas até agora— abre caminho para o que o estúdio vai apresentar em seguida. Afinal, elas existem em uma continuidade.

Mas fica a impressão que elas estão ali apenas para isso.

Divulgação/Disney - Divulgação/Disney
Kathryn Hahn em "WandaVision"
Imagem: Divulgação/Disney

Talvez o caso mais grave seja o de "Falcão e o Soldado Invernal", mas é uma característica compartilhada pelas três, embora em proporções diferentes.

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Explicando: a série estrelada por Anthony Mackie e Sebastian Stan levanta temas interessantes no primeiro episódio, mas abandona os mesmos pelo caminho e só retoma o fio da meada lá no episódio final.

Tudo o que existe no meio pouco soma durante o encerramento da história.

Já "WandaVision" é um pouco mais sutil. Ela sabiamente faz referências à história da TV, e constrói metáforas que se relacionam com o estado mental de Wanda (Elizabeth Olsen), aprofundando a personagem como os filmes nunca fizeram.

Mesmo assim, ali no episódio final, dá uma bela escorregada para o padrão Marvel de deixar tudo mastigadinho.

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Por fim, "Loki" é a maior caixinha de surpresas. A série aparentemente despretensiosa revelou ser o que praticamente segura todo o restante da Fase Quatro no lugar.

Foi um risco ter deixado todas as respostas para o episódio final, mas talvez tenha sido um risco calculado.

Ou seja, se analisarmos as três friamente, é possível que um espectador interessado apenas na premissa do que virá em sequência entenda tudo vendo apenas o primeiro e o último episódios de cada uma.

Veja só, não há nada de errado em alguém que quer apenas entender o mínimo para assistir ao próximo longa. Errado é utilizar o formato seriado de forma tão primitiva.

Mas o que as séries da Marvel têm de tão diferente de todas as outras séries? Simples:

A falta de um showrunner.

O showrunner é a pessoa responsável por toda a gestão daquela produção.

Para as séries da Marvel Studios, não temos este diretor geral, mas sim um roteirista e um diretor. É como se elas fossem um grande filme dividido em seis ou dez partes.

Por isso, falta a elas um elemento importante: uniformidade.

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Divulgação - Divulgação
Michael Waldron e Kate Herron, roteirista e diretora de "Loki"
Imagem: Divulgação

Vale ressaltar que o fato de as três guardarem os grandes desenvolvimentos para o episódio piloto e o episódio final não significa obrigatoriamente que o meio seja ruim.

Em dois casos, o meio é até muito bom.

Mas esse esvaziamento de conteúdo faz com que elas continuem sendo vistas como algo menor, um apêndice dos filmes, embora sejam mais do que isso. Se é possível descartar o meio, então alguma coisa está errada.

Torcemos por melhoras.